Com o aumento das temperaturas no último final de semana, a nuvem de gafanhotos que estava estacionada na província de Corrientes, na Argentina, retomou a movimentação. Os insetos estão agora a 112 quilômetros da cidade gaúcha de Barra do Quaraí. Apesar de intensa pulverização de venenos realizada pelo governo argentino, os insetos resistiram e continuam sendo uma ameaça para agricultores gaúchos.
As safras ameaçadas neste momento são as de inverno, como o trigo e a cevada, que estão em fase de crescimento vegetativo, apesar das lavouras estarem localizadas mais ao norte. Se a alta temperatura persistir, existe a ameaça real de chegarem ao estado.
A nuvem se movimento com a velocidade de 30 quilômetros por dia e, se os ventos mudarem sua direção, chegarão mais rapidamente. A aviação agrícola do estado continua de prontidão e o chefe da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Secretaria da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Seapdr), Ricardo Felicetti, alerta aos agricultores para monitorarem suas lavouras.
Segundo ele, houve uma reunião para tratar de questões operacionais nesse sentido, nesta sexta-feira (17). Participaram representantes do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), do Ibama, da Secretaria do Meio Ambiente e Infraestrutura do RS (Sema) e da Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam).
Mais insetos
Uma segunda nuvem de gafanhotos apareceu no Paraguai e se movimentou na sexta-feira, 17. De acordo com o Serviço de Qualidade e Sanidade Vegetal (Senave) daquele país, os insetos, que estavam em áreas de Madrejón e 4 de Mayio, no norte do Paraguai, seguiram para o sudeste, em direção a Teniente Pico, no departamento de Boquerón.
:: Nuvem de gafanhotos pode estar relacionada ao aquecimento global ::
Segundo o órgão paraguaio, equipes técnicas permanecem na área e indicam que os insetos continuam em constante movimento. “Esse monitoramento permanente é realizado para localizá-los e poder aplicar os controles fitossanitários correspondentes”, diz.
A volta do frio
A temperatura vai diminuir de forma bastante significativa no próximo fim de semana no Sul, com mínimas entre 3 °C e 6 °C desde o sul do Paraná até o Rio Grande do Sul. As geadas fracas alcançarão apenas áreas que não estão em fase vulnerável atualmente.
Já a segunda onda de frio da semana que vem será mais intensa, com mínima entre 0 °C e 3 °C no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Embora não exista previsão de geadas, o frio alcançará o Centro Oeste.
Situação de emergência e riscos do veneno
No final de junho, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) publicou no Diário Oficial da União (DOU) uma portaria declarando estado de emergência fitossanitária nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Desta forma até junho do próximo ano poderá ser comercializado sem licença especial e sem licitação qualquer tipo de venenos para o combate de insetos, que deixaram de ser uma ameaça. As empresas de aviação agrícola colocaram à disposição dos governos estaduais e federal, 426 aviões agrícola para a pulverização de inseticidas.
Ao Brasil de Fato RS, o integrante da Associação Brasileira de Agroecologia Leonardo Melgarejo disse que "a raiz disso é o desequilíbrio ecológico". Para ele, o governo deveria utilizar os recursos para apoiar medidas de controle e ressarcimento aos prejudicados, nos locais afetados. “O inseticida vai ampliar os problemas e beneficiar vendedores de veneno”, afirma, destacando que também vão morrer pássaros, pequenos mamíferos, sapos lagartos e peixes que comerem gafanhotos envenenados.
Edição: Marcelo Ferreira