O município de Novo Hamburgo, no Vale dos Sinos, apresenta no momento a situação mais preocupante no Rio Grande do Sul em termos de velocidade de crescimento de óbitos por covid-19. Somente nos 16 primeiros dias de julho, as vítimas fatais da pandemia cresceram 195%, tornando a cidade a segunda do Estado com mais mortes pela doença causada pelo novo coronavírus.
A primeira morte por covid-19 em Novo Hamburgo foi confirmada no início da pandemia no RS, no dia 30 de março. Logo em seguida, no dia 4 de abril, ocorreria a segunda. Contudo, levariam mais de 50 dias para que o terceiro óbito ocorresse, no dia 26 de maio, com o quarto ocorrendo no dia seguinte.
O mês de junho trouxe uma nova realidade para a cidade, que passou a conviver com confirmações de mortes nos boletins diários. Ainda assim, até o dia 24, nenhum dia havia registrado mais de um óbito e todas as mortes registradas desde o início da pandemia somavam 13.
É no dia 25 de junho que se inicia, de fato, a escalada de óbitos por covid-19 em Novo Hamburgo, com três confirmações de uma vez. Ao fim do mês, o município já somava 22 vítimas de covid.
Desde então, a curva só se acentuou. Foram três mortes confirmadas no dia 1º, quatro no dia 3, seis no dia 6, três no dia 7, três no dia 8, duas no dia 9, cinco no dia 10, duas no dia 13, seis no dia 14, quatro no dia 15 e cinco no dia 16, totalizando 65. Isso significa que, apenas em julho, as mortes por covid-19 cresceram 195% na cidade.
Esse crescimento vertiginoso fez de Novo Hamburgo a segunda cidade com o maior número de mortes por covid-19 no Rio Grande do Sul, ultrapassando nos últimos dias Passo Fundo, município que tem quase mil casos confirmados a mais (2.541 contra 1.581 de Novo Hamburgo) e que somava até ontem 56 óbitos.
Apenas Porto Alegre tem mais óbitos que a cidade do Vale dos Sinos. Contudo, como a Capital tem uma população seis vezes maior, a taxa de mortalidade por 100 mil habitantes de Novo Hamburgo é quase o dobro, 25,5 mortes por covid-19 a cada 100 mil contra 12,7.
Lotação das UTIs
A disparada de óbitos em Novo Hamburgo sucedeu a lotação dos leitos de UTI adulto nos três hospitais da cidade. Segundo os dados do monitoramento do governo do Estado, o município atingiu 100% de taxa de ocupação de leitos de UTI no dia 17 de junho, quando todos os 44 leitos da cidade estavam ocupados.
Desde então, a taxa de ocupação vem oscilando entre a capacidade máxima e acima de 90%, mesmo com o aumento do número de leitos de UTI disponíveis. Na última atualização do painel do governo do Estado, nesta quinta-feira (16), 55 dos 57 leitos disponíveis no momento estavam ocupados, o que representa uma taxa de ocupação de 96,5%.
Do total de pacientes internados, 26 testaram positivo para covid-19 (47,3%) e oito (14,5%) eram considerados suspeitos ou sofriam de outra síndrome respiratória aguda grave (SRAG) — 21 estavam internados por doenças não respiratórias.
A operação no limite da capacidade de leitos é uma realidade para toda a região 7 do mapa do distanciamento controlado do governo do Estado, onde está localizado o município de Novo Hamburgo. Dos 98 leitos de UTI adulto disponíveis na região, 95 estavam ocupados nesta quinta, o que representa uma taxa de ocupação de 96,5%. Os dados do governo estadual apontam que 45 desses pacientes testaram positivo para covid-19 (47,4%), 12 eram considerados suspeitos ou contraíram outra SRAG (12,6%) e 38 estavam internados por problemas não relacionados (40%).
A região 7 está sob bandeira vermelha — o segundo nível mais alto de restrições — no modelo de distanciamento controlado desde o dia 22 de junho. Até o momento, a bandeira preta — o nível mais alto, em que só atividades essenciais podem permanecer abertas — não foi aplicada à nenhuma região.
Edição: Sul 21