Dados do último Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde mostram que a Covid-19 atingiu mais de 180 mil profissionais da Saúde no Brasil. Para a Rede Sindical Brasileira UNISaúde e suas entidades afiliadas, que desde o início da pandemia têm cobrado a testagem de todos os trabalhadores da saúde, incluindo os assintomáticos, isso demonstra que os governos, tanto federal quanto estaduais e as empresas do setor, ainda não tomaram medidas efetivas para minimizar os riscos à saúde e à vida dos trabalhadores na linha de frente do combate ao novo coronavírus.
Conforme informações do boletim para os casos de Síndrome Gripal (SG), com base em dados do e-SUS Notifica, os técnicos e auxiliares de enfermagem lideram a lista dos infectados confirmados, com 62.233 casos, seguidos de enfermeiros (26.555) e médicos (19.858). Já na lista dos enquadrados em Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), são 274 técnicos ou auxiliares de enfermagem com covid-19 confirmada, 142 enfermeiros e 165 médicos.
Ainda segundo o mesmo boletim, nos casos de SRAG com covid-19, já faleceram 163 trabalhadores da Saúde, entre esses 64 técnicos e auxiliares de enfermagem, 16 enfermeiros e 29 médicos. Os números, no entanto, estão aquém da realidade, alerta a UNISaúde.
:: Entidades protestam contra redução das testagens no Hospital das Clínicas ::
Dados do Observatório da Enfermagem do Cofen (Conselho Federal de Enfermagem) demonstram que, só no universo dos profissionais de enfermagem, foram registrados 249 óbitos até o dia 9 de julho. Enquanto isso, informações de entidades médicas mostravam que o número de médicos mortos era de 171 até aquela data.
Repúdio a medidas de Bolsonaro
Em meio a esse cenário, a Rede Sindical Brasileira UNISaúde e suas entidades afiliadas - a maioria delas representantes de enfermeiros e técnicos ou auxiliares de enfermagem – manifestaram repúdio aos vetos do presidente que desobrigam o uso de máscaras em locais públicos, “uma atitude que coloca em risco não só esses trabalhadores, como toda a população”.
Sancionada em 3 de julho, a Lei nº 14.019, determina a obrigatoriedade do uso de máscaras de proteção individual em espaços públicos e privados desobrigando. Isso porque o presidente vetou o a obrigatoriedade do uso de máscaras em estabelecimentos comerciais, industriais, templos religiosos e demais locais fechados em que haja reunião de pessoas. Assim como o texto que aumentava a punição para quem fosse reincidente no descumprimento da lei ou deixassem de usá-la em ambientes fechados.
“É completamente irresponsável a postura do presidente que, na maior crise sanitária de todos os tempos, veta o uso de máscaras em locais fechados, indo contra a corrente do que apregoam os principais organismos internacionais, como a OMS (Organização Mundial da Saúde)”, criticou Márcio Monzane, secretário regional da UNI Américas.
A UNISaúde contesta ainda o Decreto 14.023, de 8 de julho, que determina a adoção de medidas imediatas para preservar a saúde e a vida desses profissionais, garantindo o fornecimento gratuito de EPIs tanto por parte do poder público quanto das empresas, além de terem prioridade no diagnóstico da Covid-19. Segundo Monzane, o decreto não determina como isso deve ser feito, o que torna seu efeito “muito vago”.
Medicamentos
A UNISaúde também alerta que, até o momento, não há medicamento nem vacina capaz de combater ou prevenir contra a covid-19. Por isso, tanto profissionais de saúde quanto a população devem seguir o que apregoam as principais organizações internacionais de saúde, como a OMS.
“Por ora, só há três formas de evitar o contágio do coronavírus: uso de máscaras; higiene, principalmente das mãos; e o isolamento social. O tratamento adequado aos pacientes infectados deve ser indicado pela equipe médica com base na ciência. Não há, até o momento, nenhum fármaco comprovadamente eficaz no tratamento ou prevenção da infecção por Covid-19, especialmente em casos leves e moderados”, destaca em entidade em nota.
O alerta, destaca a UNISaúde, vem a público dias após o presidente Jair Bolsonaro, que disse estar com covid-19, ter declarado estar fazendo tratamento com hidroxicloroquina associada à azitromicina, “remédios para os quais não há evidencia científica, segundo a própria OMS, de que sejam eficazes no tratamento da doença”.
Rede Sindical Brasileira UNISaúde é composta de entidades sindicais brasileiras que atuam na área da saúde, abarcando várias centrais sindicais localizadas em múltiplos estados e regiões do país. A Rede foi formada sob a égide da UNI Américas, a federação internacional de sindicatos da saúde privada nas Américas.
* Com informações da CNTSS
Edição: Marcelo Ferreira