Com faixas estendidas exigindo a testagem de todos os trabalhadores da saúde, um protesto no início da manhã fria desta quarta-feira (15) em frente ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre chamou a atenção para a mudança nos protocolos da instituição com relação aos trabalhadores que testaram positivo para covid-19. Realizado por representantes do Sindisaúde/RS e da Central Única dos Trabalhadores (CUT-RS), a manifestação fez parte da campanha estadual pela testagem em massa.
Segundo dados do Sindisaúde/RS, ao menos 390 trabalhadores do Hospital de Clínicas já testaram positivo para covid-19. “Nós já estamos com dificuldades na questão de medicamentos e também a falta de profissionais é uma preocupação para o tratamento das pessoas que vêm positivando para o covid”, afirmou o presidente do sindicato, Júlio Jesien, que cobrou a retomada do protocolo da Organização Mundial da Saúde (OMS) pelo Hospital de Clínicas.
Redução de testes para retorno ao trabalho
De acordo com Jesien, o Clínicas era o único hospital público de Porto Alegre que vinha seguindo a orientação da OMS de que, para um profissional de saúde que teve covid-19 retornar ao trabalho, deveriam ser realizados ao menos dois testes com resultado negativo. A exigência foi retirada no hospital, que passou, segundo o Sindisaúde/RS, a determinar apenas um afastamento de 14 dias após o teste positivo.
Conforme aponta o presidente, a mudança aumenta o risco de contágio de outros profissionais da saúde e de pacientes. “ Houve um aumento de 25% no número de infectados, o que nos preocupa muito. A gente insiste e realmente precisa da testagem de todos os trabalhadores da saúde. Enquanto houver trabalhadores circulando, e a gente sabe que o número de assintomáticos é muito grande, a probabilidade é dos trabalhadores estarem contaminando cada vez mais”, frisou
País que menos testa
Para o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, a testagem é um elemento fundamental para o melhor controle da pandemia. “Somos o país que menos testa no mundo e isso é intencional. A política genocida de Bolsonaro é não testar, pagar para ver e, por isso, estamos aí com quase 75 mil mortos e não sabemos ainda aonde anda o coronavírus”, denunciou.
“Queremos que todos os trabalhadores sejam testados, obviamente, mas não é possível que aqueles que trabalham em serviços essenciais, como os profissionais da Saúde, que lidam diretamente com os pacientes e estão expostos o tempo inteiro à pandemia, não sejam testados”, ressaltou Amarildo.
Campanha
Diante da situação a CUT-RS, federações e sindicatos filiados lançaram uma campanha para exigir testagem e Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). A iniciativa faz parte a campanha geral “Cada Vida Vale A Luta”, desenvolvida pela CUT-RS logo após o início da pandemia do coronavírus, para chamar a atenção das autoridades, das empresas e da sociedade para a necessidade de salvar a vida de quem trabalha, especialmente em serviços essenciais, além de garantir empregos e renda.
Junto à campanha, foi ajuizada uma ação no Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) contra as federações empresarias que representam hospitais públicos e privados, santas casas e municípios. Na próxima sexta-feira (17), às 14h, será realizada nova audiência de mediação. “Queremos começar um processo de testagem a partir dos principais hospitais de referência no Estado, para que os trabalhadores e as trabalhadoras da Saúde sejam testados”, frisou o dirigente da CUT-RS.
*Com informações da CUT- RS e Sul21
Edição: Marcelo Ferreira