O primeiro ato das Comunidades em Luta ocorrerá nesta quinta-feira (16), e até o momento está previsto acontecer em oito comunidades da cidade de Porto Alegre, além de uma comunidade em cada uma das cidades de Viamão, Canoas e São Leopoldo. Moradores e moradoras irão para as ruas de suas comunidades defender o SUS e apoiar os trabalhadores da Saúde. Também vão reivindicar que se tenha direito a fazer isolamento e acesso à renda básica. Segundo os organizadores, estes atos ocorrerão respeitando os cuidados de distanciamento, uso de máscaras e outros aspectos que preservem a vida.
A integrante de coletivo feminista que atua na comunidade da Cascata, em Porto Alegre, Zadi Zaro, explica que a situação das comunidades é bastante crítica. “Além da dificuldade de manter isolamento em função das casas serem pequenas e muito próximas umas das outras, ou de garantir os cuidados sanitários necessários, por causa da falta de água e de saneamento adequado, a maior parte das pessoas não têm tido condições de parar de trabalhar, porque não tem renda garantida”, destaca.
Segundo Zadi, com o aumento dos casos de coronavírus em Porto Alegre e na região Metropolitana, em que quase todas as cidades estão com a bandeira vermelha, pessoas de diferentes comunidades começaram a conversar e chegaram à conclusão que não tinha outra saída, senão fazer movimento de pressão para que os governos cumpram o seu papel e garantam renda básica para a população, além do investimento no serviço de Saúde e nas trabalhadoras e trabalhadores da Saúde. “Por isto resolvemos fazer estes atos em conjunto, com poucas pessoas participando, para não nos colocar em risco, mas para exigir que o recurso público seja utilizado para garantir a vida das nossas comunidades.”
Para a vice-presidenta da Associação Comunitária Feitoria Velha, Salete Souza, de São Leopoldo, o movimento #ComunidadesemLuta vai levar às ruas a voz daqueles que defendem o SUS e apoiam os trabalhadores da Saúde. “Todas e todos precisam entender que sem saúde não tem trabalho e a defesa da vida deve ser a nossa bandeira”, afirma.
Canoas saltou de 7 mortes por covid-19 para 38 em um mês
“Em um mês Canoas saltou de 7 mortes por covid-19 para 38, um aumento gigante e extremamente preocupante e ainda o município atingiu nessa semana 100% da ocupação de leitos de UTI”, informa Fernanda Schutz, que realiza trabalho com mulheres no Bairro Niterói, onde ocorrerá a manifestação.
Conforme Fernanda, com o aumento de casos, este cenário pode piorar e o sistema já não vai atender a demanda crescente. “Além disso, têm todos os outros problemas de saúde que a população enfrenta, sabemos da dificuldade das pessoas conseguirem as consultas de rotinas que já eram poucas e com a pandemia isso está pior”, alerta.
Fernanda ressalta que o movimento #ComunidadesemLuta quer denunciar a precariedade, o descaso com que o SUS está sendo tratado em todo o país. “Precisamos nos fazer vistos e ouvidos! Defender o SUS, os e as profissionais de Saúde, exigir e fazer revogar a EC 95 do Teto dos Gastos é o único caminho para salvarmos vidas. Não podemos aceitar que mais pessoas morram por falta seja de atendimento, UTI, testes para ajudar no isolamento e distanciamento social”, conclui.
A aprovação da Emenda Constitucional 95 (Emenda do Teto dos investimentos) em 2016 congelou os gastos públicos por 20 anos, significando uma possível perda de mais de R$ 700 bilhões em recursos para a Saúde pública.
Edição: Marcelo Ferreira