O Rio Grande do Sul tem registrado crescimento acelerado da contaminação, de pacientes graves internados em UTIs e de óbitos por covid-19. Já no início de julho, os hospitais da capital e de outras cidades apresentavam alta taxa de ocupação por pacientes com a doença. Além disso, o número de mortes duplicou nas duas últimas semanas. A situação é motivo de alerta, há evidente risco de colapso no sistema de saúde em algumas regiões do RS caso não haja maior rigor nas regras de distanciamento social para controlar a covid-19, afirma em nota, divulgada neste domingo (12), a Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI).
No início da tarde desta segunda-feira (13), conforme dados da Secretaria Estadual de Saúde, com 74% dos leitos de UTI ocupados em todo o estado, dos 1.674 pacientes internados, 705 são de pacientes com covid ou suspeita. Ou seja, 42% dos leitos de UTI em uso estão relacionados ao novo coronavírus. Em Porto Alegre, 82,55% dos leitos de UTI estão ocupados. São 601 dos 728 leitos sob uso, sendo 260 de casos relacionados à doença.
Na Campanha gaúcha, o município de São Gabriel apresenta superlotação dos leitos, com taxa de 113,3% da capacidade. Outras quatro cidades estão com as UTIs 100% lotadas: Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Espumoso e Três de Maio. Também estão em alerta os municípios de Gramado (94,4% dos leitos de UTI ocupados), Viamão (92%), Capão da Canoas (90,9%), Gravataí (90%), Santiago (90%), Montenegro (89,5%), Novo Hamburgo (87%), Canoas (88%), Tramandaí (87,5%), Sapiranga (86,7%), Vacaria (85,7%) e Cachoeira do Sul (85%).
A SRGI destaca que o grande número de internações por covid agrava ainda mais o sistema de saúde, “que já enfrentava sobrecarga prévia ao surgimento da epidemia, impactando na assistência a outras doenças”. Frente a isso, sugere estabelecer com prioridade a defesa incondicional da vida das pessoas, evitando exposições preveníveis e entendendo que as medidas adotadas até o momento são insuficientes para conter a pandemia.
“É essencial que todos setores da sociedade – gestores, setores empresariais e de trabalhadores – planejem, desde já, estratégias para que a população, sobretudo os grupos mais vulneráveis, consiga enfrentar medidas de isolamento mais rigorosas que serão necessárias para efetiva modificação da evolução da pandemia”, diz o texto.
Confira a nota na íntegra:
Nota de alerta sobre a grave situação epidemiológica da COVID-19 no RS
Porto Alegre, 12 de julho de 2020.
• Conforme dados oficiais da Secretaria Estadual de Saúde (SES), o Rio Grande do Sul atingiu mais de 35 mil casos de COVID-19 e mais de 800 pessoas perderam a vida;
• Em Porto Alegre, foram confirmados mais de 4 mil casos e pelo menos 141 pessoas já morreram devido a COVID-19. No último mês houve um crescimento de 3 vezes do número de casos confirmados e mortes, sendo que o total de óbitos por COVID-19 duplicou nas duas últimas semanas;
• A epidemia está em crescimento acelerado no Rio Grande do Sul, determinando impacto na capacidade de atendimento hospitalar, particularmente em Unidades de Terapia Intensiva;
• A velocidade de propagação da epidemia gera demanda adicional ao sistema de saúde que já enfrentava sobrecarga prévia ao surgimento da epidemia, impactando na assistência a outras doenças.
• A diminuição de recursos humanos por adoecimento de profissionais de saúde é uma realidade e agrava ainda mais a situação dos hospitais.
Neste momento crítico da pandemia é essencial afirmar que:
1 – É preciso evitar exposições preveníveis à COVID-19, estabelecendo como prioridade a defesa incondicional da vida das pessoas;
2 – Entendemos que as medidas adotadas até o momento serão insuficientes para conter a pandemia que está evoluindo para um grave comprometimento do atendimento de pacientes com COVID-19 e daqueles que apresentam outras doenças;
3 – É essencial que todos setores da sociedade – gestores, setores empresariais e de trabalhadores – planejem, desde já, estratégias para que a população, sobretudo os grupos mais vulneráveis, consiga enfrentar medidas de isolamento mais rigorosas que serão necessárias para efetiva modificação da evolução da pandemia;
4 – Esperamos que medidas mais rigorosas sejam consideradas e organizadas antes do atingimento do colapso do sistema de saúde, cenário que acarretará diversas mortes evitáveis.
Diretoria da Sociedade Rio-Grandense de lnfectologia
Comitê ad hoc COVID-19
Comitê ad hoc COVID-19: Alexandre V. Schwarzbold, Alexandre Prehn Zavascki, Ronaldo Campos Hallal e Diego Rodrigues Falci.
Edição: Marcelo Ferreira