Rio Grande do Sul

#FORABOLSONARO

Ato virtual no RS mostra unidade das organizações no Dia Nacional Fora Bolsonaro

Manifestação foi transmitida pela Rede Soberania e Brasil de Fato RS, em rede com movimentos sociais e sindicais

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Levante Popular da Juventude do RS realizou intervenção em algumas cidades do estado. Guaíba amanheceu dizendo #ForaBolsonaro - Divulgação

Começou cedo o Dia Nacional de Mobilizações Fora Bolsonaro em Porto Alegre. Ainda na madrugada desta sexta-feira (10), a Central Única dos Trabalhadores do Rio Grande do Sul (CUT-RS) e o SindiSaúde realizaram uma manifestação em frente ao Hospital da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS), cobrando por testagem para todos os trabalhadores da área, e pedindo o afastamento do presidente Jair Bolsonaro.

A mobilização ocorreu em mais de 20 estados brasileiros, com atividades virtuais e presenciais, respeitando as regras de distanciamento social da Organização Mundial da Saúde (OMS). Foi convocada pelos movimentos sociais que integram a Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo, juntamente com as centrais sindicais e mais de 40 organizações representando diferentes segmentos sociais.

Durante o dia, foi organizado um "twitaço" com uso da hashtag #ForaBolsonaro nas redes sociais. As entidades convidam ainda a todos para colocarem um pano preto em suas janelas, em luto pelo Brasil. Às 20h, ocorre um “panelaço” pelo “Fora Bolsonaro”. A campanha terá atividades também no sábado, 11 de julho, quando ocorrerá a Plenária Nacional Fora Bolsonaro, virtualmente, a partir das 15h.

Ainda pela manhã, os movimentos e entidades do Rio Grande do Sul realizaram um ato virtual, onde por mais de uma hora e meia diversas lideranças destacaram a importância da unidade dos setores políticos e sociais que defendem a democracia para interromper as políticas genocidas do governo Bolsonaro. A live foi transmitida pela Rede Soberania, pelo Brasil de Fato RS, em rede com uma série de organizações.


CUT-RS e Sindisaúde-RS cobraram a testagem de todos os trabalhadores da Saúde em ato simbólico realizado na madrugada desta sexta-feira (10) / Divulgação

Unidade da luta

O presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Guiomar Vidor, destacou o conjunto plural de entidades reunidas. “É o momento de construir novas formas para enfrentar esse momento desafiador do nosso país. São diversas crises agravadas pela política negacionista do governo Bolsonaro, pela corrente golpista fomentada pelo próprio governo e setores do militarismo brasileiro.”

Para o dirigente, é importante construir uma frente cada vez mais ampla para enfrentar a regressão civilizacional, que vem desde o golpe contra Dilma Rousseff. “E isso que estamos fazendo hoje, buscar unir o mais amplo conjunto de forças políticas que se opõem a esse projeto, não uma aliança eleitoral, mas uma aliança pelo país, pela democracia. É preciso trabalhar para acabar com o governo Bolsonaro antes que ele acabe com o Brasil.”

Ataque ao serviço público

Posição reiterada por Solange Carvalho, vice-presidente do CPERS e integrante da CTB. Para ela, o governo Bolsonaro só tem interesse em entregar as riquezas do país, nem mesmo buscou um ministro da Saúde ou da Educação. “Vivemos momento de perseguição de direitos trabalhistas e do serviço público. O ministro Paulo Guedes está a serviço dos banqueiros no governo federal.”

“É muito ruim termos governantes favoráveis à privatização. No RS, o governo de Eduardo Leite começou relativamente bem o combate da pandemia, mas foi cedendo a empresários e foi virando a dança das bandeiras”, critica Solange. “Temos um abandono das políticas públicas que poderiam levar a desenvolvimento econômico”, afirma. Ela destacou ainda o grande sacrifício dos educadores e educadoras no estado e afirmou que “frente à pandemia, defendemos testagem em massa, principalmente para quem está na linha de frente, os trabalhadores da Saúde e da Educação”.

Descaso com os estudantes

Representando o movimento estudantil, a presidenta da União Estadual dos Estudantes (UEE), Gerusa Pena, avaliou que o governo não tem nenhuma responsabilidade e sensibilidade, “pelo contrário, família Bolsonaro é uma máfia, uma organização criminosa que precisa ser denunciada”. Ela recorda que são quatro meses da pandemia no Brasil, “e ao invés do governo federal ter responsabilidade e cuidado com nosso povo, pelo contrário, temos um presidente que brinca com vida do povo e dos estudantes”.

Gerusa também denunciou o descaso do governo com a educação e os estudantes brasileiros. “Estamos há mais de uma semana sem ministro da Educação, fomos ameaçados com interventores nas Universidades, mas nossa luta garantiu que isso não acontecesse. Conseguimos adiamento do Enem, mesmo assim o governo não quer discutir com os estudantes a data da prova. Nesse momento, a educação precisa ser discutida com setores. Contudo temos um governo que não dialoga e que desmerece o trabalho das universidades, que são as que mais estão dando resposta ao combate ao coronavírus.”

Passando a boiada

O presidente do Sindicaixa e representante do Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta por Direitos e Liberdades Democráticas, Érico Corrêa, também afirmou a necessidade de reorganização da classe trabalhadora brasileira frente a um “governo que faz ataques brutais aos direitos dos trabalhadores e a vida do povo”. Ele recordou a frase do ministro do Meio Ambiente, “aproveitemos a pandemia para passar a boiada”, que está sendo levada à risca em todos os setores. “É ofensiva contra trabalhadores, contra servidores, iniciativas visando redução de salário aumenta consideravelmente o desemprego e o governo não abre mão de cumprir sua vocação de lacaio da burguesia, liberando trilhões de reais a bancos nessa crise.”

Na sua avaliação, é necessário primeiro defender a vida com isolamento, mas são exemplares os atos antirracistas em todos os cantos do mundo, a luta dos entregadores de aplicativo e as centenas de campanhas de solidariedade em que a própria classe ajuda quem está mais atingido. “Há uma grande unidade e é muito importante que a gente siga assim, participando das atividades, nos preparando para quando pudermos tomar as ruas.”

Uma ampla unidade pela democracia

Para o sociólogo Benedito Tadeu César, apesar de haver divergências de concepções de país e justiça nos setores progressistas, o momento é de união de forças. “Temos que nos unir, é momento de passar por cima de diferenças de concepção de mundo política, desenvolvimento e justiça social, que são legítimas. Mas quando temos um inimigo muito forte, desvairado, que provocou uma destruição tão forte como a que estamos vivendo hoje, temos que passar por cima das divergências e articular urgentemente uma frente capaz de contrapor a isso.”

O vice-presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros RS (CSB RS), Vilson Weber, também reforçou a construção da unidade contra as políticas genocidas do governo federal e do seu gabinete do ódio. Ele lembrou que já na Emenda Constitucional 95, durante o governo Temer, ficou explícita a política de garantir lucro para especuladores e retirar direitos do povo brasileiro. “Temos que ter uma auditoria no país, quase metade do orçamento vai para encargos e juros e colocam um torniquete na área da Saúde e Educação”, critica. Ele lembra também que, enquanto diversas leis atacam os trabalhadores, são oferecidas mais vantagens aos militares.

Luta já mostra resultados

“É guerra, nós estamos sendo atacados, violentamente atacados pelo nosso próprio governo.” Citando o artigo de Luis Fernando Verissimo, escrito em 2019, Tamires Silveira, da Intersindical, afirma que o texto ainda está valendo. “O que mudou é que Bolsonaro está acuado e isso mostra importância da nossa luta.” Como exemplo, ela destaca a importância dos movimentos antifascistas, “que varreram das ruas os atos antidemocráticos e fascistas”.

“Aqui no Brasil fomos às ruas lutar contra o racismo e esse governo racista. Destaco a greve dos entregadores, trabalhadores com condições indignas, uma nova greve já está marcada para o dia 25, todo apoio ao breque dos apps”, aponta. Lembrou também da prisão de Queiroz, que relevou o elo do presidente com as milícias e deixou Bolsonaro abalado.

Saúde precarizada

A dirigente da CSP Conlutas, Daniela Maidana, rememorou os quase 1,8 milhões de contaminados e as mortes decorrentes da covid-19. “Nosso pesar pelas perdas e solidariedade aos familiares das vítimas. Mortes que acontecem porque o governo coloca lucro acima da vida, polarizando vida e economia e não garantindo quarentena”.

De acordo com ela, enquanto o governo garante recursos aos bancos, retira direitos da classe trabalhadora, que sofre com o sucateamento da Saúde pública ao longo dos anos. “Falta de leitos e testes, precarização, mas hoje os trabalhadores e a juventude se levantam em unidade com mobilizações em todo o país, trabalhadores do campo e cidade, movimento social, em defesa da vida, pois não dá mais pra respirar com esse governo. Quarentena geral já, contra a violência doméstica, o racismo, a LGBTfobia e toda forma de pressão contra a classe trabalhadora.”


Em Ijuí, o dia amanheceu com faixa e cruzes em frente à loja da Havan / Divulgação

Impedir o fascismo

Enfatizando o trabalho do Movimento Quilombo Raça e Classe, Alexandre Nunes da CSP Conlutas, também ressaltou os atos antifascistas e antirracistas, onde o povo foi para a rua. Ao citar o caso de pichações de frases de ódio racistas e preconceituosas no muro de uma associação em uma vila de São Leopoldo, na última semana, ele afirma que os trabalhadores precisam impedir o fascismo que é incentivado por Bolsonaro.

Se pode trabalhar, pode se manifestar

Ele também destacou o descaso com os trabalhadores essenciais. “Sou trabalhador dos Correios, empresa que faz serviço essencial e nesse ponto quero contar, a patronagem e o governo estão com a política de considerar que quem está fazendo serviço essencial não merece proteção. Os trabalhadores dos Correios, por exemplo, não param nenhum momento nesta pandemia e a direção da nossa empresa tem desrespeito total para com os trabalhadores, se nega a fazer testagem”, afirma. Para ele, “temos que seguir exemplo dessa galera que fez movimentação de rua. Se nós, trabalhadores, temos que sair para gerar lucro para o patrão, podemos sair também para fazer manifestação e greve”.

Marlise Paz, do Movimento Mulheres Sem Medo, que compõe a Frente Povo Sem Medo, também aponta que a realidade do povo que precisa sair para trabalhar ou defender a democracia não permite o isolamento. Ela também criticou a sanha privatista do governo que “banaliza as milhares de mortes e ainda quer privatizar o Grupo Hospitalar Conceição e o Hospital de Clínicas em Porto Alegre”.

“O governo Bolsonaro tem sangue nas mãos, das vítimas da polícia genocida do estado, das mulheres que continuam cada vez mais morrendo por conta da violência doméstica nesse isolamento. Os brasileiros que precisam sair às ruas ficam sujeitos à contaminação. Unificados fortaleceremos a luta pela Saúde, pelo SUS, pela democracia, pela Educação pública gratuita de qualidade, em defesa das vidas, emprego e renda dos brasileiros, lutando contra as opressões”, afirma Marlise.

Trabalho de base

O diretor da Força Sindical-RS, Cláudio Correa, disse que o ataque ao movimento sindical, iniciado pelo “centrão” antes do governo Bolsonaro, foi uma tentativa de fragilizar e tentar calar os trabalhadores. “Lembro muitas conversas na nacional com o grande Brizola, o quanto era importante união e defesa dos nossos direitos e a defesa do patrimônio nacional, para isso precisa que a gente tenha uma unidade muito forte, pois estamos enfrentando esse governo de aloprados”, assinala.

“Como Lula falou, a covid nos acordou, a nós e ao povo que está enxergando quem é na realidade o Bolsonaro”, afirma. Para ele, apesar do movimento não estar com força nas ruas devido ao isolamento, o trabalho de base está sendo realizado. Além disso, ele considera fundamental eleger vereadores em 2020 que tenham origem na classe trabalhadora. “Temos que continuar produzindo resultados, ir para as comunidades, criar núcleos de base em todas as regiões da cidade, construir projeto de unidade para avançar nessa luta. Fora Bolsonaro é muito maior que a gente imagina.”


Faixas também foram colocadas em frente à loja Havan de Viamão / Divulgação

Fora Bolsonaro é sobrevivência

Integrante da direção nacional do MST e da Frente Brasil Popular, Salete Carollo apontou que o país vive uma das mais profundas e graves crises econômicas, políticas e ambientais, além da grande crise sanitária por causa da covid-19. “Tudo isso sob comando do presidente que tem se mostrado incapaz de conduzir nosso país para superação de problemas em todas as dimensões”, avalia.

“Não vamos ter mudanças na política econômica nem sair da crise econômica, não vamos ter valorização na Saúde, Educação, nem vamos superar as consequências dessa pandemia se continuarmos no comando de Bolsonaro, por isso a decisão do Fora se tornou luta de sobrevivência da classe trabalhadora. Convidamos a todos os indignados que pensam e querem um projeto diferente para o país, vamos juntos nessa campanha”, convoca Salete.

Salvar o povo brasileiro

Conforme o presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil RS (CGTB/RS), Antônio Augusto Medeiros, a arena de luta hoje é nas redes, mas adiante as ruas serão ocupadas para derrubar Bolsonaro e salvar o povo brasileiro. “Temos que deixar claro que essa política é de genocídio e retira direitos.” Ele lembrou das MPs 936 e 927 que flexibilizam as leis trabalhistas, exemplos de como o governo aproveita a crise para precarizar ainda mais trabalhadores.

Mais de 30 pedidos de impeachment

O jurista e advogado Lênio Streck criticou as instituições brasileiras que não agem frente a uma diversidade de crimes. “O Brasil é um país diferente, um juiz como Moro faz de tudo, foi parcial, passou para o lado do adversário daquele que ele tirou da corrida presidencial e não conseguimos declarar suspeito. O mundo todo sim e nós não. Bolsonaro também já fez de tudo, tem mais de 30 pedidos de impeachment. Um dos motivos dessa mobilização é que temos que ir em frente com isso”, afirma.

O presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, encerrou as manifestações do ato virtual. “Não é possível que um país gigante e forte como o nosso tenha a sua frente um presidente que não está à altura dos desafios para combater essa pandemia”, critica. “Nesse dia, a CUT, movimentos sociais e centrais chamam a sociedade brasileira para o Fora Bolsonaro”.

Confira a íntegra do Ato virtual #ForaBolsonaro
 

 
DIA NACIONAL DE MOBILIZAÇÃO#FORA BOLSONARO

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Posted by Brasil de Fato RS on Friday, July 10, 2020

 

Edição: Katia Marko