Rio Grande do Sul

CAMPANHA

Entidades do RS se unem pela vida na cadeia produtiva de frigoríficos e pescados

Trabalhadores dessa cadeia produtiva estão entre os mais contaminados pela covid-19 no RS

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Iniciativa conjunta da CUT-RS, FTIA-RS e Fetraf-RS ressalta a necessidade de proteção dos trabalhadores desde a agricultura familiar até os frigoríficos - Divulgação

Até o início de julho, 5.832 trabalhadores de frigoríficos haviam sido infectados pelo novo coronavírus no Rio Grande do Sul, equivalente a cerca de 20% dos casos confirmados no estado. Os dados são da procuradora do Trabalho e gerente nacional adjunta do Projeto Frigorífico, Priscila Schvarcz, em matéria do Estadão. "Esse número é só de trabalhadores, sem considerar os contactantes. É muita coisa”, afirma.

Frente a essa preocupante realidade, sob o título “Da terra ao prato”, será lançada nesta segunda-feira (6), às 19h, uma campanha em defesa da vida dos trabalhadores da cadeia produtiva dos frigoríficos e pescados em tempos de pandemia do coronavírus. Trata-se de uma iniciativa conjunta da Central Única dos Trabalhadores do RS (CUT-RS), Federação dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação (FTIA-RS) e Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar (Fetraf-RS).

O lançamento será feito através de uma live no Facebook com a participação de dirigentes das três entidades. Haverá também a exibição dos primeiros vídeos da campanha, mostrando a necessidade de proteção dos trabalhadores, desde a agricultura familiar até os frigoríficos.

“Queremos chamar a atenção da sociedade e pressionar as empresas e as autoridades para que sejam tomadas medidas eficazes para proteger a vida e a saúde dos trabalhadores da cadeira produtiva dos frigoríficos e pescados, que estão dentre os mais contaminados pela covid-19 no Rio Grande do Sul”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci.


Presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci / Marcus Perez – CUT-RS

Segundo ele, “temos que cobrar medidas para impedir o crescimento do número de mortes e infectados diante das políticas insuficientes dos prefeitos e governadores e do descaso do presidente Bolsonaro com a vida do povo brasileiro”.

“Temos que proteger a vida dos trabalhadores desde a criação dos animais (frangos, perus, porcos, gado, peixes), o transporte, o abate e a embalagem das carcaças para a venda nos mercadores consumidos do Brasil e do exterior. Quem produz a carne para alimentar as pessoas não pode correr o risco de ser infectado pelo coronavírus, muito menos perder a sua vida por falta de prevenção”, salienta a secretária-geral da CUT-RS e diretora da Fetraf-RS, Cleonice Back.


Secretária-geral da CUT-RS e diretora da Fetraf-RS, Cleonice Back / Reprodução

Para ela, “os agricultores familiares não podem parar e precisam continuam trabalhando para entregar os seus produtos. Somos parte de uma engrenagem que não pode ter problemas em nenhuma das partes. Por isso, estamos preocupados com a saúde e a vida dos trabalhadores na indústria. Se não estancar a contaminação, vai atingir a agricultura familiar”.

O presidente da FTIA-RS, Paulo Madeira, alerta que o estado registra surtos da covid-19 em vários frigoríficos, sendo que alguns já foram interditados por fiscalizações do Ministério Público do Trabalho e decisões da Justiça do Trabalho. É um setor que emprega milhares de trabalhadores e trabalhadoras e a sua própria estrutura operacional favorece a disseminação do coronavírus.


Presidente da FTIA-RS, Paulo Madeira / Reprodução

“Estamos cobrando medidas de prevenção das empresas para evitar o contágio entre trabalhadores e, ao mesmo tempo, encontrar formas seguras para continuar a produção, porém oferecendo garantias eficientes para que ninguém se contamine nem perca a sua vida por descaso dos frigoríficos”, ressalta.

Dentre as medidas defendidas pelas entidades, estão a testagem obrigatória dos trabalhadores, o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPIs) e álcool em gel, a implantação do terceiro turno nos frigoríficos com redução da jornada de trabalho sem diminuição dos salários e o respeito ao distanciamento nos locais de trabalho, conforme as recomendações sanitárias da Organização Mundial da Saúde (OMS).


 

* Com informações da CUT-RS

Edição: Marcelo Ferreira