Deram o novo nome a pandemia / De covid-19 / Mas foi em 18 / Que elegeram o 17
Nos sons do berro da dor
Território de guerra declarada
Farelos humanos
Indecisão de amor
Solidão da morte marcada
Cedê los hermanos?
Há morte antes do tiro
Da casa
Do cemitério
Do coveiro
Do caixão
Do novo coronavírus
Tudo é uma prisão
Do hospital ao hospício
Assombro do estágio
Do novo coronavírus
Colapsada democracia
Assolapada emoção
Deram o novo nome a pandemia
De covid-19
Mas foi em 18
Que elegeram o 17
A porta do inferno foi aberta
Vírus humano da destruição
Estado de Direito?
Exceção!
Tudo agora é prisão
Ela não caiu não.
Faveladx
Pretx
Sapatão
Gay
Macumbeirx
PCD
Maconheirx
Puta
TTT
Há morte antes do tiro
Do antigo coronavírus
Vem cá me dá a mão!
Assustada
Violada
Estuprada
Maltratada
Com hematoma
Ela não caiu não
A rota crítica
Conceitua a exclusão
Ela não caiu não!
A morte ronda o mundo
No Brasil a corda bambeia.
Arrebenta no mais fraco lado
Onde não se tateia
Se trabalha
Se sofre
Se morre
Se trabalha
Se sofre
Se morre
Também de coronavírus
Corpos sobre Corpos
Luto coletivo
Decadente moral
Vil capital
Terra brasileiríssima
Da desumanidade transnacional
Já reparação
Reparação já
Não terás rosas pros túmulos.
Tão pouco flores coloridas.
A paz foi preterida
JAZ deitaste teu corpo
Na lápide fria e gélida
Fechado
Matado
Morrido
Também de coronavírus
Família fica triste
Com barros nos pés
De chinelo
E sem dentes
Boca escancarada
De roupa surrada
Ora pois perdeu a fé
Sistema que asfixia
No nome da pandemia
FALTA AR
EM TODO LUGAR
Urge gritar
Distanciamento isolar
Doméstica à labutar
Afastada
Não remunerada
Pra falsa (e efêmera) feminista se emancipar
Não tem cantos
Nos cantos
Nem encantos
Portanto
Pássaros
Nas manhãs
De Outono
Sumiram aqui no logradouro
Não tem como contemplar.
As covas foram abertas centenas de milhares de vezes...
Centena de milhares de vezes...
Retiram seus ossos
Os queimam
Numa máquina de guerra
E no ar o cheiro da morte
E no ar o cheiro da morte
Reuso de cova.
RASA
Reuso de cova.
RASA
Reuso de cova.
RASA
FALTA AR
EM TODO LUGAR
Onde está o horizonte?
E os dados assertivos.
Nada transparente.
Todo mundo mente
Num palanque eleitoral
Vida vendida
Numa liquidação comercial
A velocidade da disseminação é violenta.
Sem direito a abraço
E nem beijo no rosto
Quem aguenta?
Me tombou
E pra piorar o conceito mudou.
Me tombou
E pra piorar o conceito mudou
Não é + uma doença causal
Cuidado
Está aprofundado
É sistêmica
Vai ficar endêmica
O medo está na ante sala
E a fome voltou...
Tudo é agora é escombro
O medo está na ante sala e a fome voltou...
FALTA AR
EM TODO LUGAR.
Tudo agora é escombro
Nos sons do berro da dor
Milhões de analfabetos de funcionais à digitais
Vão implantar EAD (ERE)?
Não era meritocrático?
Ficou tudo
Prático e Programático
Tudo agora é escombro
Distância abissal
Falta material
Falta feijão
Falta gás
Falta internet
Distância abissal
Vil capital
Que normal?
Como antes nunca +!
Racista não passarão!
Contra o genocídio da população preta!
Pelo fim do lugar da morte!
FALTA AR
EM TODO LUGAR
Te falaram na escola
Que cotas não é esmola
A esperança vence o medo...
Há uma estrela a brilhar no 13!
Edição: Marcelo Ferreira