No Dia Nacional da Imprensa, que foi celebrado nesta segunda-feira (1º), a Associação Riograndense de Imprensa (ARI) divulgou um manifesto em defesa da democracia, advertindo para o autoritarismo que ameaça a sociedade brasileira. O texto destaca diversos aspectos que colocam as liberdades individuais e a própria democracia em risco, como intimidações tanto a profissionais de jornalismo como “a integrantes dos poderes Legislativo e Judiciário, a governantes estaduais e municipais, a organizações civis comprometidas com a defesa do meio ambiente e dos direitos humanos, além de toda e qualquer pessoa que divirja de ações do Poder Executivo Federal”.
A ARI critica que “grupos de seguidores fanatizados vêm promovendo agressões” incitados por um governante “que não tolera críticas, desconfia de tudo e de todos”, chegando até mesmo a proferirem ameaças de morte a “profissionais de imprensa e a integrantes de outras categorias que questionam o modelo autocrático de exercício de poder”. Afirma se opor veementemente ao desapreço pela “ciência, à cultura, ao meio ambiente e às regras mais elementares de educação e cidadania” e aos estímulos de comportamentos fascistas.
“Não vamos nos calar, não seremos calados”, conclui o manifesto da ARI. Confira o texto na íntegra:
MANIFESTO PELA IMPRENSA E PELA DEMOCRACIA
Quando a liberdade de imprensa é ameaçada, as demais liberdades individuais e a própria democracia correm riscos. É o que ocorre no Brasil nestes tristes tempos de pandemia e sucessivas crises. Por isso, neste 1º de junho, Dia Nacional da Imprensa pela Lei Federal 9.831, de 1999, em homenagem ao gaúcho Hipólito José da Costa e seu Correio Braziliense - jornal por ele lançado em 1808 - a Associação Riograndense de Imprensa adverte a sociedade brasileira: o autoritarismo ameaça o Brasil.
As manifestações antidemocráticas não se restringem ao crescimento evidente, nos últimos meses, de intimidações, constrangimentos e ataques a profissionais de jornalismo e a empresas jornalísticas. Estendem-se, também, a integrantes dos poderes Legislativo e Judiciário, a governantes estaduais e municipais, a organizações civis comprometidas com a defesa do meio ambiente e dos direitos humanos, além de toda e qualquer pessoa que divirja de ações do Poder Executivo Federal.
Incitados por um governante que não tolera críticas, desconfia de tudo e de todos, inclusive de ministros e assessores diretos que manifestam algum tipo de desconforto com suas orientações, grupos de seguidores fanatizados vêm promovendo agressões verbais, morais, físicas e até mesmo ameaças de morte a profissionais de imprensa e a integrantes de outras categorias que questionam o modelo autocrático de exercício de poder.
O desapreço governamental à ciência, à cultura, ao meio ambiente e às regras mais elementares de educação e cidadania, assim como as frequentes manifestações de simpatia por armas e de tolerância com milícias ilegais, tende a estimular comportamentos fascistas. A isso nos opomos com veemência.
A Associação Riograndense de Imprensa completa 85 anos em 2020. É uma entidade laica, autônoma e apartidária, comprometida com a defesa da liberdade de expressão, da democracia e do jornalismo independente e profissional como antídoto para as fake news.
Ao destacar o legado de Hipólito da Costa, também patrono da cadeira 17 da Academia Presidente do Conselho Deliberativo Brasileira de Letras, elege o Dia da Imprensa para homenagear profissionais e veículos, reafirmando a nossa determinação de resistir ao arbítrio: não vamos nos calar, não seremos calados.
Luiz Adolfo Lino de Souza - Presidente da ARI
João Batista de Melo Filho - Presidente do Conselho Deliberativo da ARI
Edição: Marcelo Ferreira