O que temos de mais importante dentro das escolas? Pessoas.
Vendo as tratativas para elaborar os protocolos de retorno às aulas, observo que a preocupação maior é com a higienização, máscaras, água, sabão, álcool em gel, corrimões, maçanetas, tapetes e utensílios descartáveis, entre outros.
Fui, por oito anos, professora das séries iniciais.
A escola tem uma característica marcante: é um espaço de afeto e relações pessoais.
Pergunto: quem, nesses protocolos, está pensando no lado afetivo das crianças e dos adolescentes? Diferentemente de uma carteira ou cadeira, como fazer com que se mantenham numa distância segura?
Como explicar aos nossos pequenos que não poderão abraçar a professora ou a “tia da merenda”?
Como fazê-los entender que o distanciamento é obrigatório? Como garantir que não compreendam o afastamento como rejeição?
Quantos psicólogos teremos ao dispor da rede para cuidar dos aspectos emocionais dos nossos jovens e crianças? Como impedir que os pequenos se aproximem do colega, no recreio, para brincar?
Como mantê-los seguros na chegada da escola e ao sair? Quem fará a medição de temperatura?
Como evitar o “ficar” dos jovens e adolescentes?
Como será realizado o atendimento individual, tão precioso ao ensino-aprendizagem?
Quem cuidará do restante da turma quando ela for dividida e o professor estiver em uma das salas?
Como abrir escolas antes do pico? Como, se nem sabemos quando será o pico?
A escola é muito mais do que os seus objetos e espaços físicos. Escola é gente. É vida.
Governador, nossas escolas não podem ser transformadas em bombas biológicas. Faltam testes, falta controle, falta segurança. Não falte com as nossas vidas.
Escolas fechadas, vidas preservadas.
*Helenir Aguiar Schürer, presidente do CPERS/Sindicato, publicado originalmente no site do sindicato.
Edição: Marcelo Ferreira