O que para muitos pode ser considerado “mato”, “praga” ou “erva daninha”, para um grupo de pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) - Campus São Lourenço do Sul representa uma valiosa oportunidade para a diversificação alimentar. As Plantas Alimentícias Não Convencionais, conhecidas como PANC, são hortaliças, frutas, flores e raízes que vêm despertando cada vez mais interesse tanto de quem é das áreas de Nutrição e Agroecologia, como daqueles que simplesmente gostam de cozinhar.
A professora Jaqueline Durigon está à frente do projeto de extensão PANCPOP: Popularizando o Uso de Plantas Alimentícias Não Convencionais.
Bióloga e doutora em Botânica, ela procura difundir e popularizar os potenciais agronômicos, gastronômicos, nutritivos, ambientais e econômicos
da biodiversidade e fortalecer as PANC como alimentos dotados de sabor, cultura e saúde. "Queremos mudar a percepção das pessoas e fazer com que
essas plantas possam desempenhar todo o seu potencial nutricional, que muitas vezes é superior às plantas convencionais", explica a coordenadora.
O Campus São Lourenço do Sul possui uma série de cursos de graduação voltados à sustentabilidade, como bacharelado em Agroecologia, licenciatura
em Educação no Campo, Gestão de Cooperativas e Gestão Ambiental, que têm tudo a ver com as PANC. Assim, mais de 20 integrantes, entre estudantes, professores e servidores técnicos do campus estão envolvidos no trabalho.
Um vídeo em média-metragem produzido pela equipe do projeto acaba de chegar às redes. Originalmente idealizada para ser exibida em um congresso, a peça audiovisual acabou se tornando uma importante ferramenta para divulgar as ações e experiências do PANCPOP. O vídeo está disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=awdJCndFOms
Vinculado a outros parceiros - Embrapa Clima Temperado, Centro de Apoio à Agricultura de Base Ecológica (Ceaabe), Movimento Ambientalista Verde Novo e ao Laboratório Intersciplinar de MARÉSS da FURG, o PANCPOP veio mostrar que várias espécies podem, sim, servir de alimento e inclusive apresentar grande valor nutricional. Entre os exemplos de Plantas Alimentícias Não Convencionais, estão a azedinha, dente-de-leão, peixinho-da-horta,
capuchinha, capiçoba, caruru, coqueiro-jerivá, araçá, inhame e ora-pro-nóbis.
O foco principal do grupo está na sensibilização da sociedade, e na ideia de popularizar essas plantas como alimento. Além disso, conforme enfatiza a
professora Jaqueline, "as PANC possuem também esse potencial de resgate cultural, uma vez que muitas delas foram consumidas no passado e caíram emdesuso". Ainda é possível destacar a importância das plantas para a geração de emprego e renda, podendo ser uma fonte adicional aos agricultores
familiares ("são o grupo com o qual mais trabalhamos por aqui, em particular a agricultura agroecológica"). As PANC têm também capacidade
para enfrentar problemáticas ambientais como as mudanças climáticas, já que são muito mais resistentes do que as culturas agrícolas dominantes no mundo.
*Com informações da Assessoria da FURG
Edição: Marcelo Ferreira