A Sociedade Rio-Grandense de Infectologia (SRGI) emitiu um nota, nesta quarta-feira (20), criticando a orientação do Ministério da Saúde para tratamento medicamentoso precoce de pacientes com diagnóstico da covid-19 com o uso da cloroquina e da hidroxicloroquina. O documento destaca que o próprio Ministério descreve que “não existem evidências científicas robustas que possibilitem a indicação de terapia farmacológica específica para a COVID-19”, situação que “gera preocupante relação entre riscos e benefícios, além de um reforço à uma demanda ‘mágica’ pela cura, que estabelece uma pressão adicional na prescrição médica”.
A SRGI também aponta que “o documento não possui assinatura. Protocolos, Notas Técnicas ou Portarias do Ministério da Saúde não podem ser apócrifos, sob pena de questionamento de sua veracidade e responsabilidade”. Nesse sentido, “reafirma que baseado nas evidências atuais que avaliaram os tratamentos descritos no documento ministerial, ainda é precoce a recomendação de qualquer dos tratamentos, visto que diferentes estudos mostram não haver benefícios para os pacientes que os utilizaram”.
Em dez pontos levantados na nota da SRGI, são elencados diversos aspectos problemáticos ou duvidosos da orientação. Entre eles que não está descrito se houve qualquer consulta às especialidades médicas, que as classificações e fases da doença apresentadas são arbitrárias e sem fundamentos científicos e que a combinação de tais medicamentos com outros remédios expõem a população a efeitos adversos gravíssimos.
Um dos pontos ressalta que, “no dia 18 de maio, a Sociedade Brasileira de Infectologia, Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia e a Associação de Medicina Intensiva Brasileira, publicaram Diretrizes para o Tratamento Farmacológico da COVID-19 demonstrando, nos estudos publicados até o momento, ausência de eficácia de vários tratamentos, incluindo do uso de cloroquina, hidroxicloroquina e azitromicina para tratamento da COVID-19”.
O documento da SRGI foi redigido e referendado em conjunto por Ronaldo Campos Hallal e Alexandre Prehn Zavascki pelo Comitê Ad hoc COVID-19 e por Alexandre Vargas Schwarzbold e Diego Rodrigues Falci pela SRGI. O Cremers e o governo do RS também manifestaram preocupação com o protocolo do Ministério da Saúde. Conforme disse o governador Eduardo Leite, o governo compreende que a medida é uma recomendação e por isso os protocolos de uso da cloroquina e da hidroxicloroquina não devem ser alterados no estado.
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Edição: Marcelo Ferreira