“Debulhar o trigo
Recolher cada bago do trigo
Forjar no trigo o milagre do pão
E se fartar de pão”
Pão, o alimento multiplicado por Jesus não farta a mesa da população brasileira. A partir de 2019, o Brasil voltou a fazer parte do o mapa da fome mundial. O que aponta cada vez mais a necessidade de debater a soberania e segurança alimentar e nutricional do povo como o seu direito a uma alimentação digna.
Durante a pandemia de covid-19 que se alastra o mundo, a defesa do sistema de Saúde é inevitável. Este, no entanto, aponta não dar conta das necessidades da população, o que demonstra a imprescindível urgência de difundir-se os métodos de prevenção. O desenvolvimento de uma imunidade ativa no corpo humano é de extrema importância nesta prevenção e este só será possível através, além dos cuidados básicos, de acessos a saneamento básico, políticas públicas eficientes e alimentação adequada que forneça o mínimo nutricional necessário ao corpo humano.
Essas ponderações são necessárias, visto que a camada mais marginalizada da população brasileira não tem acesso mínimo à alimentação nutricional digna. Falta de acesso que os levam a consumir (majoritariamente) alimentos industrializados e com grande quantidade de conservantes que se encontram por baixo preço de oferta no mercado, não adquirindo alimentos de valor nutritivo (devido ao valor agregado destes). É a população em vulnerabilidade que se alimenta dos agrotóxicos utilizados nas plantações brasileiras, dos transgênicos plantados em nosso solo e da água imprópria para consumo nas periferias.
Através de ações políticas comprometidas é possível obtermos uma equação perfeita, criando um sistema que incentive a produção de orgânicos e as agroindústrias familiares, aumentando os empregos na zona rural e garantindo que sua distribuição chegue nas comunidades carentes. Possibilitando assim implementar uma alimentação de qualidade que a longo prazo irá melhorar a Saúde destas comunidades.
Garantir soberania alimentar é inevitável para o progresso da nação. Juntamente com políticas que garantam a valorização do agricultor, a redução dos índices de pobreza e desnutrição e fomentem a produção de alimentos agroecológicos e orgânicos, como também a sua distribuição para a população em estado de vulnerabilidade social e econômica.
* Licie Scolari é Coordenadora Geral do DCE da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e militante do Levante Popular da Juventude
* Thays Silva é militante do Levante Popular da Juventude
Edição: Marcelo Ferreira