Rio Grande do Sul

Mobilização

Artigo | Nós camponesas dizemos #AdiaENEM pelo direito de acesso à educação!

Toda a classe trabalhadora, do campo e da cidade, deve ter direito a fazer as provas do ENEM e entrar nas universidades!

Brasil de Fato | Seberi (RS) |
MMC reforça fileiras nas manifestações virtuais que pedem adiamento do ENEM - Divulgação MMC

Neste momento de pandemia mundial que vivemos, pensar a educação é ainda mais desafiador, e mais ainda em um país onde o presidente da república não pensa políticas públicas e menos ainda pensa um projeto de vida para a classe trabalhadora. Um presidente que, em meio a uma pandemia, troca de ministros como quem troca de meias. Que acha que, em um país tão diverso como o Brasil e com tanta desigualdade social, toda sociedade brasileira teria a mesma oportunidade de ir à escola, de acessar os meios de comunicação, de ter acesso à internet e que,  portanto, pode manter o maior Exame Nacional – ENEM nas mesmas datas previstas de antes da atual situação. 

Acontece que muitas trabalhadoras e trabalhadores, dos quais ainda jovens e também quem até hoje não conseguiu fazer uma graduação, estão com dificuldades de estudar, com dificuldade de acessar as informações para a formação que leve à prestar as provas do ENEM. Para muitas de nós, classe trabalhadora, o acesso à educação nunca foi fácil e agora com as medidas de isolamentos que são necessárias para combate ao COVID-19, ficou ainda mais difícil. Muitas de nós mal temos um celular com internet seja 3G ou Wifi em casa. Muitas de nós não temos o que comer, a merenda era nossa refeição. Estudar em casa parece simples, mas não é.

Tratar a classe trabalhadora com o olhar da elite brasileira, que pode ter acesso à formação e informação, mesmo com a situação de pandemia que vivemos, é mais uma atitude genocida das muitas atitudes desumanas desse governo.  Sabemos que sempre foi e é muito fácil pensar para quem ganha sem trabalhar, para quem tem o que comer sem se preocupar se vai faltar se repetir o prato,  para quem não passa frio, para quem pode fazer terapias de relaxamento, para quem tem privilégios sociais etc. Mas que pensar, estudar, para quem está nas trincheiras da vida, lutando pela sobrevivência, vem sendo negado.

Paulo Freire, em À sobra desta Mangueira, coloca-nos: “No momento em que se sabe, por exemplo, o que são operadas e comunicadas à rede de poder, não é difícil imaginar as desvantagens de quem funciona na extremidade do circuito” (p. 73, 2019.). E quem funciona na extremidade deste circuito somos nós, classe trabalhadora, que no campo ou na cidade somos afetadas pela falta de estrutura e assistência do Estado.

Nossa luta é  constante e todo dia em defesa da vida. E por defendermos a vida, defendemos a nossa classe trabalhadora e lutamos também pela EDUCAÇÃO PÚBLICA DE QUALIDADE e COM GARANTIA DE ACESSO por toda a classe trabalhadora. Educação é DIREITO!

#EducaçãoÉDireito #AdiaENEM #MMCBrasil #EducaçãoDoCampo #EducaçãoPública #MulheresCamponesas #SementesDeResistência #ForaBolsonaro

 

*Adriane é jornalista, Edcleide é filósofa. Ambas são militantes do Movimento de Mulheres Camponesas (MMC).

 


FREIRE, Paulo. À sombra desta Mangueira. 12ª edição – RJ/SP. Editora Paz e Terra, 2019.

Edição: Marcos Corbari