Rio Grande do Sul

PANDEMIA

Com 18 mortes, Passo Fundo é a cidade gaúcha mais atingida pela covid-19

Município sedia uma grande unidade de abate de aves do grupo JBS, agora interditada judicialmente, onde iniciou um surto

Porto Alegre | BdF RS |
Cinco frigoríficos assinaram Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MTP/RS), comprometendo-se a fazer adequações que garantam maior segurança aos seus trabalhadores - Divulgação

Com o registro de mais uma morte, Passo Fundo, na região Planalto Médio, tornou-se a cidade com maior número de óbitos pela covid-19 no Rio Grande do Sul. São, agora, 18 mortes contra 17 de Porto Alegre. O município tem somente 204 mil habitantes enquanto a capital gaúcha conta com 1,5 milhão. Mas Passo Fundo sedia uma grande unidade de abate de aves, agora interditada judicialmente, do grupo JBS – que reúne marcas como Friboi, Seara e Swift – onde se originou um surto da doença.

Outra decisão judicial determinou a interdição, por 15 dias, da planta de processamento de carnes da BRF em Lajeado, município do Vale do Taquari, distante 100 km de Porto Alegre. O frigorífico, com 2,5 mil trabalhadores, foi identificado como foco de contágio de coronavírus.  A multa diária em caso de descumprimento da ordem é de R$ 1 milhão/dia. A empresa teria descumprido 11 medidas de proteção aos seus funcionários.

Terceira em mortes

A BRF resulta da fusão de dois gigantes do setor, os grupos Sadia e Perdigão. Na mesma cidade, uma unidade do grupo Minuano, também do segmento de abatedouros e processamento, foi fechada temporariamente.

A exemplo de Passo Fundo, Lajeado ocupa a parte superior no ranking da covid-19 no estado. É o terceiro lugar em mortes, embora seja apenas a 21ª cidade gaúcha em população. Hoje (11), ocorreu seu 9º óbito. Caxias do Sul, segunda cidade mais populosa, com mais de 500 mil moradores, registra apenas uma morte. 

Sem tele-entrega   

Em Lajeado vigora a bandeira vermelha na classificação estabelecida pelo governo estadual. Significa, por exemplo, que o comércio está proibido de abrir e mesmo a tele-entrega e o take away – quando o cliente encomenda e vai retirar a mercadoria na loja – estão vetados. Outros cinco frigoríficos assinaram Termo de Ajuste de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho (MTP/RS), comprometendo-se a fazer adequações que garantam maior segurança aos seus trabalhadores.

Em nota, cinco entidades do setor manifestaram seu desagrado com a interdição dos dois frigoríficos. Para a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), o Sindicato de Produtos Avícolas/RS (Sipargs), o Sindicato das Indústrias de Produtos Suínos/RS (Sips) e a Associação de Criadores de Suínos/RS (Acurs) existe “grave risco” de que “ações impostas com base em decisões emocionais” causem grandes problemas ao país, inclusive o desabastecimento e o “caos social”.

Edição: Katia Marko