Ao lado do avanço do coronavírus, sete estados já vivem uma epidemia de dengue. São eles São Paulo, Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Acre e o Distrito Federal. Todos possuem mais de 300 infectados por 100 mil habitantes, o que classifica a situação como epidêmica segundo os critérios da Organização Mundial da Saúde (OMS). É o que indica o Boletim Epidemiológico 18, do Ministério da Saúde. Em 2020, a picada do mosquito aedes aegipt já infectou 639.608 brasileiros.
“O momento atual é bastante delicado já que algumas medidas de enfrentamento se encontram prejudicadas em função da covid-19”, observa Artur Custodio Moreira de Sousa, coordenador da comissão intersetorial de vigilância sanitária no Conselho Nacional de Saúde (CNS). Sousa acredita que ações preventivas federais e de muitos estados e municípios deixaram de ser feitas em 2019.
Números cresceram
Distribuição da taxa de incidência de dengue por município, casos graves e óbitos, Brasil, SE 1 a 17 de 2020 / Reprodução MS
Descontada a subnotificação da covid-19, o número de contaminados por dengue é quatro vezes maior que o de infectados pelo coronavírus. No entanto, as mortes por dengue neste ano no país são 240, muito abaixo da letalidade da pandemia global.
As situações mais graves são as do Paraná, com 1.886,3 casos a cada 100 mil habitantes, e do Mato Grosso do Sul, com 1.553,3 casos a cada 100 mil. Seguem-se o Distrito Federal (767,1 por 100 mil), Mato Grosso (665,5 por 100 mil), Goiás (481,5 por 100 mil), Acre (460,2 por 100 mil) e São Paulo (365,9 por 100 mil). Na comparação com a semana epidemiológica anterior, os números dos sete estados avançaram.
Na abordagem por regiões, o Sul, por conta da contagem do Paraná, e o Centro-Oeste, devido ao quadro do Mato Grosso do Sul, possuem mais de 700 casos por 100 mil moradores. Também por regiões, o Norte e o Nordeste ostentam o melhor desempenho com pouco mais de 80 casos por 100 mil habitantes. Os estados em posição mais confortável são Amapá, Sergipe, Rio de Janeiro, Maranhão, Alagoas e Rio Grande do Sul, todos com menos de 30 casos por 100 mil moradores.
454 casos de dengue grave
Embora a expressividade dos números referentes às primeiras 17 semanas de 2020, o epidemiologista Jair Ferreira, nota que, em 2019, o Brasil teve mais de 1,5 milhão de casos de dengue. “Como o mosquito é mais ativo com clima quente, a doença aumenta no verão. Assim, 600 mil casos de janeiro a abril não é muito diferente do que ocorreu em 2019”, argumenta Ferreira que é professor de epidemiologia da UFRGS.
Considerando-se a gravidade dos casos, foram confirmados 464 casos de dengue grave e 5.680 casos de dengue com sinais de alarme. Outros 483 casos permanecem em investigação. A maior parte dos óbitos ocorreu no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Estão sendo investigadas outras 216 mortes. Os idosos constituem a maioria (56,9%) das vítimas fatais.
Edição: Marcelo Ferreira