Que realidade o jornalismo está construindo nesta pandemia? Que realidade queremos construir pós-pandemia? A comunicação é neutra e imparcial? Como os veículos de comunicação contra hegemônicos podem contribuir e ter inserção maior na sociedade para construir outra visão de mundo? É isso que queremos? Que comunicação estamos fazendo? Estas e outras questões estarão presentes na live da Rede Soberania “Jornalismo e a Classe Trabalhadora”, nesta sexta-feira, dia 8 de maio, às 20h.
O debate reunirá os jornalistas do Brasil de Fato RS, Ayrton Centeno e Katia Marko; Marco Aurélio Weissheimer, do Sul21; e Naira Hofmeister, do Matinal Jornalismo, colaboradora de El País e The Intercept Brasil; além de Celso Schröder, professor, cartunista e diretor da Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ). A live poderá ser acompanhada pelos endereços no Facebook da Rede Soberania e do Brasil de Fato RS e pelo canal do YouTube da Rede Soberania.
Criticando o jornalismo praticado no Brasil, uma das participantes, Katia Marko, lembra uma advertência do jornalista e sociólogo Perseu Abramo em seu livro “Padrões de manipulação na grande imprensa”. Nota que, ao recriarem a realidade conforme os seus interesses político-partidários, “os órgãos de comunicação aprisionam os seus leitores nesse círculo de ferro da realidade irreal, e sobre ele exercem todo o seu poder”.
Ela acentua que o debate pretende abordar tais questões, indagar qual o papel cumprido pela mídia empresarial perante a maioria da sociedade. “No seu pequeno ensaio, Abramo nos coloca, de forma clara e objetiva, a falsa objetividade e neutralidade da imprensa-comercial-burguesa. E situa o jornalismo praticado pelo mercado como um instrumento de controle político das elites, contrário aos interesses maiores da população”, comenta.
“Os meios de comunicação refletem a realidade ou a moldam?”, questiona, mencionando uma observação do escritor e jornalista uruguaio Eduardo Galeano. “É outro dos temas que teremos na mesa”, adianta. “Oferecemos às pessoas o que as pessoas querem, dizem os meios de comunicação, e assim se absolvem”, como ponderou o Galeano, repara. Mas, citando novamente o autor de “As Veias Abertas da América Latina” completa: “Mas tal oferta, que responde à demanda, gera cada vez mais demanda da mesma oferta: faz-se costume, cria sua própria necessidade, transforma-se em soma”.
Katia sublinha que a tarefa da imprensa comprometida com uma visão popular do país e do mundo torna-se, em 2020, ainda mais decisiva já que precisa confrontar a pandemia e, ao mesmo tempo, um governo que trabalha para negá-la e para expor os trabalhadores ao risco de morte.
SERVIÇO
Jornalismo e a Classe Trabalhadora
Data: 8 de maio, às 20h
Acesso: Youtube e Facebook
Katia Marko e Ayrton Centeno - BdFRS
Naira Hoffmeister - Matinal Jornalismo
Marco Aurelio Weissheimer - Sul 21
Celso Schroder – Fenaj
Quem são os debatedores?
Ayrton Centeno trabalhou na chamada grande imprensa – Estadão, Veja, Manchete – mas nunca deixou de lado a pequena imprensa, aquela que é pequena no nome, mas grande em importância no período sob a ditadura militar e, agora, nas primeiras e tumultuadas décadas do século 21. Foi repórter e editor de geral do Coojornal, um dos cinco jornais alternativos mais importantes dos anos 1970, e trabalhou para muitos outros pequenos, mas valorosos veículos. Hoje, atua no Brasil de Fato, site e jornal que carrega a tocha de uma visão mais justa e generosa do país e do mundo.
Celso Augusto Schröder, jornalista diplomado pela PUC-RS onde é professor desde 1986. Foi chargista do jornal Correio do Povo e participou da imprensa alternativa gaúcha, Denúncia, Revista Sul, Coojornal e etc. foi presidente do Sindicato dos Jornalistas do RS, da Federação Nacional dos Jornalistas e da Federacion de Periodistas da América Latina y Caribe. Foi vice-presidente da Federação Internacional dos Jornalistas. É diretor da Fenaj e da Comissão de Ética do Sindjors.
Katia Marko, jornalista formada na Unisinos em 1994. Há 25 anos atua como assessora de comunicação nos movimentos sindical e popular. Atualmente, é editora do Jornal Brasil de Fato RS, e assessora de imprensa do SindsepeRS (Sindicato dos Servidores Públicos do RS) e do CRESSRS (Conselho Regional do Serviço Social do RS), além de produzir e apresentar o programa de rádio Voz Docente, do Andes/UFRGS e Adufpel. Também faz a edição da Justiça Fiscal Em Revista, veículo trimestral do Instituto Justiça Fiscal (IJF) e a produção cultural do Grupo Unamérica. Desde 1998, integra o Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), do Rio de Janeiro, especializado em cursos de comunicação sindical e popular. É diretora do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS.
Marco Aurélio Weissheimer, bacharel e mestre em Filosofia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Trabalha com mídias digitais desde 2001, quando a Agência Carta Maior foi lançada na primeira edição do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre. Neste mesmo período, foi tradutor e editor das primeiras edições em português do Le Monde Diplomatique. Criador e editor do blog RS Urgente em 2005. Atualmente é repórter e editor no site Sul21, em Porto Alegre, e colunista do jornal Extra-Classe, do Sindicato dos Professores do Rio Grande do Sul (Sinpro-RS).
Naira Hofmeister, atua como freelancer desde 2006, sempre baseada em Porto Alegre. Ao longo de sua trajetória profissional cobriu o cotidiano social, político e econômico e escreveu reportagens de fôlego em mais de 30 veículos diferentes, no Brasil e no mundo. Também desenvolveu projetos de financiamento coletivo para o jornalismo independente no Rio Grande do Sul. Atualmente, além de produzir reportagens para veículos nacionais e internacionais como Agência Pública, El País, The Intercept e Mongabay, integra a redação da Revista Parêntese e do site Roger Lerina, publicações do Grupo Matinal Jornalismo, focado em informação local. Seu trabalho já foi reconhecido com o Prêmio de Direitos Humanos de Jornalismo, o Prêmio ARI, da Associação Riograndense de Imprensa (ARI), e o Prêmio de Jornalismo da Justiça Eleitoral/RS.
Edição: Ayrton Centeno