Rio Grande do Sul

BALANÇO

Sobe para 1.350 os casos confirmados de covid-19 no Rio Grande do Sul, com 49 mortes

No dia em que número de mortes passa de 5 mil no Brasil, presidente liberou funcionamento de uma lista de atividades

Brasil de Fato | Porto Alegre |
No estado, doença já é registrada em 139 municípios - Reprodução SES

A Secretaria Estadual da Saúde confirmou mais quatro mortes em decorrência da covid-19 no Rio Grande do Sul, totalizando 49 vítimas desde o início da pandemia. Entre elas, está a pessoa mais jovem a perder a vida no estado por conta da doença. Trata-se de uma jovem de 22 anos, da cidade de Dom Pedrito, que estava em tratamento oncológico no Hospital Conceição, em Porto Alegre.

Também um homem de 80 anos, de Tramandaí, que estava internado no Hospital Universitário de Canoas. Ele tinha hipertensão e doença de Parkinson; uma mulher de 86 anos, do município de Tunas, que estava internada no Hospital São Sebastião de Espumoso e tinha pneumopatia crônica; e uma mulher de 80 anos, de Bento Gonçalves, que não tinha registro de comorbidade e foi atendida na UPA da cidade.

Com mais 64 novos infectados confirmados no estado, o número de casos chegou a 1.350, espalhados em 134 municípios gaúchos. Porto Alegre concentra a maior parte, com 441 casos confirmados. Em seguida aparecem Passo Fundo (130 casos confirmados), Lajeado (63 casos confirmados), Marau (57 casos confirmados), Caxias do Sul (49 casos confirmados) e São Leopoldo (41 casos confirmados).

Flexibilizações e aumento de casos

Durante o mês de abril, o governo gaúcho e diversos municípios foram flexibilizando as restrições inicialmente aplicadas, levando ao aumento de circulação de pessoas nas ruas. O período coincide com o agravamento da situação no Rio Grande do Sul. Conforme dados da SES, a primeira morte no estado foi registrada no dia 24 de março, há mais de um mês. Porém, os últimos sete dias concentram 45% dos óbitos, com 22 vítimas no período.

Nesta terça-feira (28), o governador Eduardo Leite anunciou que as aulas em escolas da rede estadual, em universidades e em instituições de ensino públicas e privadas não retornarão na próxima segunda-feira (4/5). A interrupção gradual das atividades de ensino começou em 19 de março. No final daquele mês, a suspensão foi prorrogada até 30 de abril.

O decreto estadual que mantém o fechamento da maioria do comércio e setores econômicos, mas que permite que prefeitos autorizem o relaxamento das restrições a partir das realidades locais vale até esta quinta-feira (30). A partir daí, Eduardo Leite pretende implantar uma política de distanciamento controlado, o que significa modular o nível de restrições e de abertura a partir do monitoramento contínuo do número de casos e de internações hospitalares em decorrência da covid-19.

Diversos setores empresários vem defendendo a reabertura do comércio no estado. Na opinião do presidente da Sociedade Riograndense de Infectologia (SRGI), Alexandre Vargas Schwarzbold, ainda não é o momento de diminuir o isolamento social. “Tudo indica que estamos no início da curva epidêmica. Pode ser uma curva achatada ou não dependendo das medidas de contenção, dependendo da adesão da população e dos gestores na manutenção do isolamento social de modo efetivo durante o inverno. Um relaxamento numa região do estado reflete duas a três semanas após na transmissão viral em outra região ainda não afetada ou pouco afetada dado a mobilidade humana e urbana intensa”, explica.

Aumento de mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave

Conforme dados da SES, houve um grande aumento no registro de mortes e de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no estado em 2020. Com um crescimento de 602%, o número de óbitos saltou de 37 em 2019 para 260 neste ano, considerando do início do ano até 18 de abril. Apesar disso, SES avalia que não existe subnotificação tão grande e que o alto nível refere-se a um maior nível de notificação das síndromes respiratórias em geral em razão do alerta provocado pela pandemia na rede de atendimento. Em todo o Brasil, os registros de morte por SRAG aumentaram 1.012% desde o dia 16 de março.

Brasil tem mais mortes que China e presidente libera mais atividades

O Brasil chegou à marca de 5.017 mortes causadas pelo novo coronavírus nesta terça-feira (28), de acordo com levantamento divulgado pelo Ministério da Saúde. O país também bateu um novo recorde diário de vítimas: foram 474 novos óbitos registrados nas últimas 24 horas. Com isso, o país superou o número de mortos registrados na China, primeiro epicentro da doença no mundo.

Ao todo, agora são 71.886 casos confirmados de pessoas que se infectaram. De segunda para esta terça, foram 5.385 novos registros, segundo o balanço. O ministro da Saúde, Nelson Teich, admitiu nesta terça que as consequências do novo coronavírus no Brasil se agravaram nos últimos dias. Já o presidente Jair Bolsonaro, ao ser questionado por um jornalista sobre os números, disse: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.

Um decreto assinado pelo presidente e já publicado no Diário Oficial da União desta quarta-feira (29), ampliou a lista de serviços e atividades consideradas essenciais em meio à pandemia. O texto não afasta a competência dos estados e municípios tomarem as providências em seus territórios, respeitando decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), que deu aos estados e municípios o poder de estabelecer as medidas de saúde.

Dentre as novas atividades listadas como essenciais, estão: transporte, armazenamento, entrega e logística de cargas em geral; serviços de comercialização, reparo e manutenção de partes e peças novas e usadas e de pneumáticos novos e remoldados; serviços de radiodifusão de sons e imagens; atividades exercidas por empresas start-ups; comércio de bens e serviços, incluídas aquelas de alimentação, repouso, limpeza, higiene, comercialização, manutenção e assistência técnica automotivas, de conveniência e congêneres, destinadas a assegurar o transporte e as atividades logísticas de todos os tipos de carga e de pessoas em rodovias e estradas; locação de veículos; atendimento ao público em agências bancárias, cooperativas de crédito ou estabelecimentos congêneres, referentes aos programas governamentais ou privados destinados a mitigar as consequências econômicas da emergência de saúde pública.

O que é coronavírus?

É uma extensa família de vírus que podem causar doenças tanto em animais como em humanos. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), em humanos, os vários tipos de vírus podem causar infecções respiratórias que vão de resfriados comuns, como a síndrome respiratório do Oriente Médio (MERS) a crises mais graves, como a síndrome respiratória aguda severa (SRAS). O coronavírus descoberto mais recentemente causa a doença covid-19. 

Como ajudar a quem precisa?

A campanha “Vamos precisar de todo mundo” é uma ação de solidariedade articulada pela Frente Brasil Popular e pela Frente Povo Sem Medo. A plataforma foi criada para ajudar pessoas impactadas pela pandemia da covid-19. De acordo com os organizadores, o objetivo é dar visibilidade e fortalecer as iniciativas populares de cooperação.

Como tirar dúvidas?

A Secretaria Estadual da Saúde recomenda à população e aos profissionais de saúde do RS que entrem em contato com a vigilância epidemiológica de seu município para esclarecimento de dúvidas. Nos horários que as repartições municipais não estiverem atendendo ao público, está disponível o telefone 150 - Disque Vigilância da SES. Questionamentos podem ser encaminhados também para o email [email protected].

Edição: Marcelo Ferreira