Pesquisas apontam que o confinamento ou distanciamento social, em tempos da pandemia da covid-19, tornam as mulheres de diferentes classes sociais e profissões mais expostas à violência doméstica, considerando que estão expostas aos seus agressores por longos períodos. As jornalistas e comunicadoras, muito antes do episódio do coronavírus, já apontavam denúncias de violências em suas residências e, igualmente, no ambiente de trabalho, devido ao seu gênero, tais como o crime sexual e os assédios moral e virtual. Casos, muitas vezes, mantidos em silêncio, por medo e por desconhecerem os canais de denúncias e apoios.

Devido à essa realidade, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS (Sindjors), por meio do Núcleo de Gênero e Diversidade, firmou convênio, em março, com o escritório jurídico Soraia Mendes & Advogadas Associadas, de Brasília/DF, especializado em estudos contra a violência às mulheres.

Segundo a presidenta, Vera Daisy Barcellos, serão avaliados casos jurídicos de jornalistas associadas e não-associadas, encaminhados na busca de soluções, via plataformas digitais. "A demora na execução deste projeto se deve aos problemas gerados pela epidemia do coronavírus e aos ajustes de como efetivar e adequar este convênio às atividades do home office", esclarece.

O convênio firmado estabelece o atendimento de casos que atingem as mulheres agredidas, em especial por violência doméstica e familiar, violência sexual, violência patrimonial, violência moral, violência psicológica e violência obstétrica em ações penais, cíveis e/ou de família. Além disso, também tratará de litígios de natureza criminal a envolver a defesa das mulheres acusadas, em casos de crimes contra a vida, e a assistência da acusação nos crimes contra a vida, especialmente decorrentes de feminicídio, racismo e de LGBTIfobia, perante o Tribunal do Júri.

Vera Daisy destaca que o escritório Soraia Mendes & Advogadas Associadas tem uma trajetória de mais de 20 anos. "O trabalho é orientado pelos valores de justiça, igualdade, democracia, ética e respeito à diversidade e à sororidade (tomados como fundamentais e irrenunciáveis em toda e qualquer ação jurídica)." 

Edição: Katia Marko