Depois da unidade da JBF ser interditada em Passo Fundo, região do Planalto Médio, surgiram mais focos da covid-19 em frigoríficos das cidades de Marau, Lajeado e Garibaldi. Chama a atenção que Passo Fundo, Lajeado e Marau sejam, logo abaixo da capital, as cidades com maior incidência de casos de infecção por coronavírus no Rio Grande do Sul. Passo Fundo ocupa o segundo lugar com 103 contaminações e 11 mortes; Lajeado é o terceiro com 63 casos e um óbito e Marau é o quarto com 49 casos e uma morte. Passo Fundo é apenas a 12ª cidade gaúcha mais populosa, enquanto Lajeado ocupa a 21ª posição e Marau, a 49ª.
Ainda hoje (28), o governo estadual deve publicar portaria exigindo dos frigoríficos protocolos de limpeza, distanciamento social, afastamento de empregados com sintomas de gripe, entre outras normas. Quem não cumpri-las estaria sujeito a penalidades, inclusive interdição. O Centro de Operações de Emergência (COE) da Secretaria Estadual da Saúde está monitorando dez empresas do setor. São indústrias que empregam, com frequência, mais de mil funcionários e que podem impulsionar a epidemia se não houver rigor nos cuidados.
Em Marau, município vizinho de Passo Fundo, a filial da BRF registrou 18 casos de coronavírus, segundo informação do STIA, o sindicato local que reúne os trabalhadores da área de alimentação. Um dos gigantes mundiais do setor, a BRF tem 35 unidades no Brasil e é dona de marcas como Sadia, Perdigão e Qualy. Três dos funcionários estão hospitalizados. Com mais de três mil empregados em Marau, a BRF afirma que adota medidas de segurança desde março e que já afastou 300 funcionários por integrarem grupos de risco. Na unidade da BRF de Serafina Corrêa, município do Norte gaúcho, também há casos de covid-19.
Dezesseis trabalhadores do abatedouro de frangos Minuano foram contaminados em Lajeado, no vale do Taquari. Conforme a empresa, que reúne 1,8 mil empregados, seis deles estão curados, cumpriram quarentena e voltaram ao trabalho. Outros 560 apresentaram sintomas gripais e foram afastados por prevenção. Destes, 195 já retomaram suas tarefas. Em Tapejara, região do Alto Uruguai, o abatedouro de aves Agrodanieli suspendeu as atividades por 48 horas após a constatação de quatro casos. Na Serra gaúcha, estava em andamento uma inspeção no frigorífico Nicolini, de Garibaldi.
O frio e a umidade no ambiente de trabalho – sob refrigeração, o vírus, presente nas gotículas de saliva, permanece mais tempo ativo – o grande contingente de empregados, as aglomerações e a falta de distanciamento social nas operações têm sido apontados como elementos que agravam o risco de contaminação nos frigoríficos.
Edição: Marcelo Ferreira