Rio Grande do Sul

ENSINO

Estudantes e movimentos defendem adiamento do Enem diante da pandemia

Os jovens estão com acesso limitado a internet, por isso não podem se preparar para o exame

Brasil de Fato | Porto Alegre |
A campanha #adiaENEM é uma iniciativa da UNE e da UBES - Reprodução

Desde o dia 19 de março, os estudantes da rede pública do Rio Grande do Sul estão com as aulas suspensas por causa da pandemia do coronavírus. Sem a possibilidade de estar na escola, uma das preocupações dos alunos é o Enem. Se antes da pandemia, o acesso ao ensino já era limitado aos jovens da rede pública, depois do isolamento social, estudar ficou mais difícil.

Para Alessandra Ribeiro, de 17 anos, estudante e moradora do município de Eldorado do Sul, o ato de não poder estar na escola dificulta a preparação para o exame. “Antes da quarentena, eu tinha aulas relacionadas ao Enem e conforme tinha dúvidas, podia tirar com meus professores. Agora, sem poder ir para escola, não há uma orientação sobre o que pode cair no exame. Tenho que estudar por conta, seguindo meu próprio roteiro, sem orientação”, aponta.

Pensando nisso, estudantes de todas as idades e de todo país estão se mobilizando através das redes sociais pelo adiamento do Enem. A campanha #adiaENEM é uma iniciativa da União Nacional dos Estudantes (UNE) e da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES) para suspender o edital de realização do exame.

No Rio Grande do Sul, jovens de todas as idades e de mais de dez cidades do estado já participam da campanha. Segundo Lucas Gertz, 2º Diretor LGBT da União Nacional dos Estudantes e militante do Levante Popular da Juventude, uma grande parcela da juventude não possui condições de acesso às ferramentas para atividades virtuais. “O acesso às ferramentas não são iguais, existem fatores sócio-econômicos e de aprendizagem que torna o processo ainda mais desigual entre os estudantes”, defende Gertz.

Alessandra nos relata que as aulas à distância estão sendo enviadas por aplicativo de mensagem, mas que alguns dos colegas dela não tem conseguido manter os exercícios em dia. “Os professores mandam conteúdo em PDF e depois de três dias enviamos os exercícios por e-mail. Muitos dos meus colegas estão sem acesso à internet, não enviam e estão perdendo nota. Eles estão preocupados, pois, esse é o último ano do ensino médio”, conta.

Para Gertz, o adiamento do Enem é a melhor saída para que os estudantes não sejam prejudicados. “Nesse momento é necessário preservar aquilo que é o mais importante, as vidas das pessoas. Nós queremos adiar o Enem para tranquilizar os estudantes. Adiar é algo possível de ser feito e não traz nenhum prejuízo no calendário escolar”, afirma.

Qualquer pessoa pode participar da campanha, seja assinando o abaixo-assinado online ou tirando uma fotografia com uma plaquinha escrita #AdiaEnem. Acesse o abaixo-assinado pelo link: http://adiaenem.com.br/

Edição: Marcelo Ferreira