“O SUS é o ganho da nossa democracia”. Com esta frase, gostaria de fazer uma reflexão. Quantas vezes você já utilizou o Sistema Único de Saúde no Brasil? Conseguiu ser atendido? Resolveu o seu problema de saúde? São várias perguntas que passam pela minha mente ao escrever esta coluna. Por muitas vezes, imagino uma família, da periferia, tendo que chegar ao posto clínico às 4 horas da manhã para conseguir uma senha e quiçá ser atendido. O nosso sistema público de saúde tinha tudo para dar certo, mas, governos atuais acabam retirando as verbas e deixando a mercê uma sociedade totalmente vulnerável a doenças que estão disputando espaço de sociabilidade conosco.
Um pouco de história. Antes da criação do SUS (Sistema Único de Saúde), o Ministério da Saúde, criado no governo de Getúlio Vargas, desenvolvia quase que exclusivamente o papel das ações de promoção de saúde e prevenção de doenças que assolavam o Brasil no século passado, com destaque para campanhas de vacinação e controle de epidemias.
Uma das grandes conquistas das reformas sanitárias que tivemos no Brasil foi em 1988. Quando promulgada, a Constituição Federal inseria em seus artigos o de número 196, que conceitua “a saúde é direito de todos e dever do Estado (...)”. Neste parágrafo, percebe-se a definição clara da universalidade da cobertura do Sistema Único de Saúde. O SUS é um dos maiores sistemas de saúde público do mundo, sendo o único a garantir total cobertura gratuita em sua totalidade da população, inclusive aos pacientes portadores de HIV, sintomáticos ou não, aos pacientes renais crônicos e aos pacientes com câncer.
Dessa forma, pergunto, será que o SUS realmente consegue abranger toda a população brasileira que necessita de um sistema de saúde? Ou simplesmente, as grandes corporações de sistemas de saúde privado mostram que o alto escalão da república não tem interesse de manter sua população saudável? Sim, são questionamentos difíceis de serem respondidos, pois mostraria o quão cruel o capitalismo do século XXI tem sido com aqueles que são considerados “marginalizados”, ou até mesmo, que mata sem ser julgado e condenado.
Infelizmente o SUS está sobrecarregado com esta pandemia que assola o nosso país, a disputa por leitos, aparelhos respiratórios e médicos, tem demonstrado o quanto o nosso sistema de saúde está também doente. Se há saídas para isso? Creio que sim, sabemos que a resposta está no Palácio da Alvorada, no poder da caneta do presidente, que, por incrível que pareça, está mais preocupado em resolver questões familiares de cunho pessoal do que coletivo. O atual governo brasileiro não passa de uma vergonha perante o mundo, pois, não adianta defender a família se as famílias brasileiras não conseguem se quer ter um pronto-atendimento quando necessitam.
Se o SUS é o nosso maior ganho da democracia, não temos como negar, mas, essa democracia já não existe há muito tempo, e me atrevo a dizer, ela nunca existiu, pois o produto que nos fora vendido no final da década de 80 estava com defeito. Não quero aqui deixar números de vítimas ou gráficos instantâneos, pois, o objetivo era fazer uma reflexão sobre o nosso sistema de Saúde, que ademais, não é a nossa saída para a pandemia. A pessoa que estava fazendo o caminho certo para conter o avanço da pandemia foi desligada do aparelho de ministérios do governo Bolsonaro, pois simplesmente não concordava com as ações do presidente e queria mostrar a realidade para todos. Mas, deixo aqui, o nosso muito obrigado ao ex-ministro da Saúde Mandetta, você foi um herói, talvez uma reaparição do Oswaldo Cruz, o maior sanitarista que este país já viu.
* Professor, Pós-graduado em Gestão Escolar pela Faculdade São Fidélis e em Educação Inclusiva e História pela Faculdade São Fidélis; Licenciado em História pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo.
Edição: Marcelo Ferreira