Com a suspensão temporária de feiras livres em diversos municípios, agricultores do interior gaúcho adaptam os canais de comercialização com apoio da tecnologia. Em função da pandemia do coronavírus, muitos começaram a vender seus produtos sob encomenda prévia realizada por telefone ou por meio de redes sociais.
“Foi a forma que encontramos para vender nossa produção, que não pode ficar parada. Também está tendo bastante procura porque o preço dos alimentos no mercado subiu. Um dos que mais tem saída é o feijão: mantemos a R$ 5 o quilo e no mercado já está mais de R$ 6”, conta Adriana Meireles da Silva, do assentamento Chasqueiro/Santa Rosa, localizado em Arroio Grande (RS).
Integrante da feira semanal há quatro anos, desde o final de março Adriana interrompeu a venda direta na praça da cidade e ingressou em um grupo organizado pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais que oferece o serviço em domicílio.
De 15 associados que estão disponibilizando a produção, 80% faz parte dos assentamentos de reforma agrária instalados em Arroio Grande – quatro ao todo, distribuídos em 142 lotes. A iniciativa surgiu para reduzir a circulação de pessoas no campo e na cidade e também para apoiar à economia local, incentivando a agricultura familiar.
Cada entrega reverte entre R$ 150 e R$ 200 por agricultor. O transporte é feito sem custo pela entidade sindical, que traçou rotas entre os assentamentos para o recolhimento dos produtos, evitando o deslocamento das famílias. A coleta ocorre pela manhã e a distribuição aos clientes à tarde, nas segundas, quartas e sextas-feiras - sempre observando cuidados de higiene e prevenção a covid-19, como uso de máscaras e álcool em gel.
Entre os itens oferecidos estão abóbora (vários tipos), feijão, temperos, couve, couve-flor, brócolis, alface, mel, queijo, leite, pão, biscoito, doces e geleias. As encomendas podem ser feitas por whatsapp ou por telefone.
“É um outro espaço de mercado para o agricultor, que às vezes fica refém de atravessadores. A pandemia nos fez buscar outros rumos para atender a grande demanda da zona urbana. Como o alimento é direto do produtor, temos condições de oferecê-lo a preços mais acessíveis que o mercado convencional, facilitando o acesso a todos os consumidores”, afirma o presidente do sindicato, João Cezar Larrosa.
O grupo de agricultores ainda doa alimentos para um "sopão comunitário", com produtos exclusivamente da agricultura familiar e reforma agrária, e distribuído à população em situação de vulnerabilidade social do município. A ação de solidariedade é realizada às quintas-feiras e, na semana passada, beneficiou cerca de 80 famílias carentes.
Edição: Katia Marko