Entre os tantos desafios que a pandemia do novo coronavírus impõe, cuidar da saúde mental e emocional pode ser um dos mais delicados. Muito falamos da necessidade do cuidado com o corpo, através de uma alimentação saudável e exercícios físicos, para fortalecer a imunidade. Mas o quanto nos damos conta, no dia a dia, da necessidade de cuidarmos das nossas emoções para não adoecermos?
Medo, raiva, tristeza, dor. Ansiedade, estresse, solidão, depressão. São diversos os sentimentos que nos invadem diariamente, principalmente nestes tempos de isolamento social. Muitas vezes, potencializados pelo bombardeio de informações seja via redes sociais, rádio ou TV. Para lidar com tudo isso, muitos podem ser os caminhos.
A juíza federal Ana Inés Algorta Latorre, integrante da Associação dos Juristas pela Democracia (AJD), busca na meditação o seu equilíbrio. “A meditação é uma ferramenta importantíssima para manter a saúde mental, embora este não seja seu objetivo final. Assim, nos tempos desafiadores que vivemos, tenho conseguido manter meu equilíbrio fazendo minhas meditações e práticas. Tenho espaço para sentir as dores do mundo, e também para sentir gratidão e alegria por tudo o que há de belo nesta vida”, explica.
Ana Inês conta que tomou contato com a meditação pela primeira vez há quase 30 anos. Foi quando uma amiga lhe convidou para ir num espaço em que havia uma atividade em que todos podiam gritar à vontade. “Naquela época, eu não fazia muita ideia do que era meditação. Mas uma coisa eu sabia: gritar eu precisava muito. Porém, lá chegando no então Osho Bholi, havia sido mudada a programação, e a atividade era só de dança, não de grito. Acabamos ficando, e para mim foi um verdadeiro êxtase. Assim tomei contato com as meditações ativas do mestre indiano Osho pela primeira vez. Depois de fazer a primeira é que me explicaram que era uma meditação! Hoje em dia eu costumo fazer mais as meditações silenciosas.”
Segundo a juíza, que está levando a sério a quarentena e há três semanas não sai de casa, tem sido fundamental meditar. “É a parte mais importante da prática espiritual. Ao longo dos anos, sinto a diferença na amplitude dentro de mim. Tenho espaço para sentir, a vida cabe dentro de mim. Dificilmente pensamentos ou emoções tomam conta e me tiram de estar presente. Claro que acontece, mas com menor frequência e com menor duração”, destaca.
Ana Inês ressalta que sabe que é um privilégio enorme poder estar em casa, e procura fazer disso também uma forma de contribuir para a não disseminação do vírus. “Tenho dormido um bom número de horas, que é uma necessidade minha. Tenho comprado comida de produtores orgânicos, que readequaram sua forma de trabalhar e estão entregando em casa os pedidos, e cozinhado minha própria comida. Mantenho um horário de trabalho, fora do qual não me ocupo de assuntos de trabalho. Mantenho contato com meus afetos, ainda que virtual. Convivo com meus bichos, o que para mim é uma alegria enorme. Tenho feito yoga com a orientação virtual de minha professora. Me sinto muito bem de saúde, até emagreci um pouco! E procuro estar disponível para aqueles que precisam de ajuda, ainda que não esteja fisicamente próxima. Ainda assim, parecem faltar horas no dia para tudo o que gostaria de fazer!”
Uma escola de meditação em casa
Há alguns anos, o Namastê – Centro de Terapia Bioenergética e Meditações Ativas oferece uma Escola de Meditação para ensinar as técnicas criadas pelo mestre indiano Osho, especialmente para os ocidentais que não têm a cultura da meditação. As meditações ativas foram pensadas para nos capacitar a expressar conscientemente nossos sentimentos reprimidos e, a partir daí, entrar num estado meditativo que possibilita a observação e a consequente mudança de nossos padrões habituais.
Segundo a terapeuta e ministrante da escola, Savita Lima, fechado desde março, o Namastê resolveu lançar uma escola de meditação em formato online, devido ao isolamento para prevenir a contaminação pelo coronavírus. “Nesse momento em que não devemos sair de casa, as meditações podem ajudar a reduzir o stress, mexer o corpo, relaxar profundamente e dormir melhor. As meditações ativas do Osho trabalham nessas três frentes: física, mental e emocional”, ressalta.
Savita destaca que vivemos numa sociedade que valoriza a mente e deixamos emoções em segundo plano. “Esse é um momento fundamental para cuidarmos da nossa essência, do nosso coração. A melhor forma de lidar com as nossas emoções é aceitar o que sentimos: dor, raiva, medo, amor, alegria, prazer... e não abafar isso. É importante ter espaços de silêncio, de desintoxicar da tecnologia, principalmente, porque tem sido uma grande válvula de escape.”
Além disso, ela lembra, as pessoas que estão em casa com suas famílias são obrigadas a conviver de forma intensa e muitas emoções vem à tona no dia a dia. “Precisamos aprender a lidar com essas emoções. As meditações nos ajudam a lidar com tudo isso de forma consciente”, conclui.
Como funcionará?
Savita explica que a escola será parecida com a presencial, pois as aulas serão ao vivo por vídeoconferência. Serão 10 encontros. As aulas começam na próxima terça-feira (21) e terminam dia 23/06, das 18h45 às 20h15.
Os interessados se inscrevem e fazem o pagamento através de um link no formulário do Google. Será enviado um link para os inscritos participarem de cada aula. Todas as terças-feiras, por 1h30min, ao longo de dez semanas. Para participar, precisa de uma boa rede de internet e um espaço em casa para fazer a meditação.
As inscrições e pagamento são feitos a partir do link https://bit.ly/3eidOkD
Edição: Marcelo Ferreira