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Artigo | Coronavírus, o impacto na sociedade e aspectos globais

Historiadores equiparam pandemias e epidemias a grandes guerras, pois temos muitas perdas humanas e materiais

Porto Alegre | BdF RS |
"Quando se fala em uma pandemia devemos entender que é a sociedade que a constrói, pois é ela que deve aceitar que está doente" - Divulgação

O mundo sempre foi um lugar onde vírus e homens partilharam o mesmo espaço e mediram forças desde o início do processo civilizatório. Mas, sabe-se que a maior diferença entre nós e os vírus é a nossa capacidade de cognição, pois isto nos deu uma vantagem muito maior em relação a eles.

De acordo com a história, cerca de 10.000 anos deu-se o início do processo de sedentarização, afirma-se isso, pois, o homem, em sua habilidade, passou a domesticar animais, sendo assim, assinava-se o seu destino. O contato mantido era uma espécie de contato físico muito próximo, propiciando assim, a disputa do mesmo espaço com o vírus. Entende-se que, a vivência diária com os animais domesticados e todos os parasitas a eles associados formaram as condições perfeitas para as primeiras epidemias. Historiadores discutem que as pandemias e epidemias devem ser equiparadas a grandes guerras, pois temos perdas humanas e materiais.

Fazendo uma rápida recapitulação da história das pandemias na história da sociedade, o primeiro surto que tivemos foi no século IV, quando, o imperador Justiniano, do Império Bizantino, sofreu com a peste bubônica, onde cerca de 50 milhões de pessoas foram acometidos com a doença. Posteriormente, no século XIV, esta mesma pandemia, varreu os territórios da Ásia e Europa, matando cerca de 80 milhões de pessoas.

A partir deste cenário, costuma-se questionar: O que acontecia no velho mundo para que esta doença se proliferasse tão rapidamente? Um dos motivos que sempre nos vem à tona é a questão de Saúde pública, e isto está correto, mas não é o único motivo, sabemos que havia muito interesse em aumentar o dinamismo comercial naquele período, portanto, o contato com outros povos alavancou a disseminação desta doença, levando assim a quase devastação da Europa. Registros históricos demonstram que demorou cerca de 200 anos para restabelecer os níveis populacionais.

Por dentro da história, percebemos que o contato físico sempre foi e sempre será uma forma de nos mantermos vivos, no entanto, atualmente, sabemos que tal atividade tem trazido resultados bem negativos, pois este mesmo contato vem junto com a letalidade social, ou seja, estamos vendo o mundo se tornar cinza pela quantidade de mortes.

Este cenário mundial que estamos vivenciando tem trazido grandes consequências, e não se engane que este vírus foi o primeiro a fazer isso, pois tivemos no século passado, uma gripe que ocasionou mais de 20 milhões de morte, e sim, estou falando da Gripe Espanhola, onde, devastou novamente a Europa pós-guerra mundial.

No caso do Brasil, a Gripe Espanhola chegou no final de 1918, gerando grandes problemas sociais, mas sabendo da onde havia surgido tal problema, pois tínhamos um saneamento básico não-básico. Quando se fala em uma pandemia devemos ter o seguinte entendimento, é a sociedade que constrói a pandemia, pois é ela que deve aceitar que está doente, e no caso do nosso país, a prática do negacionismo é gerada pelo alto escalão da política republicana.

Atualmente, vivemos em um país onde se vale mais a valorização das coisas do que da vida do indivíduo social, sabemos que é importante manter a economia girando, mas não as custas da vida alheia. Observando o status governamental atual, não há interesses em ajudar o próximo, aquele que se encontra marginalizado na sociedade e sim, somente o bom e velho acionista social, pois acreditam que este personagem irá salvar a sociedade, e cá entre nós, essa crença não deve ser disseminada, pois este papel a covid-19 já está representando, e diga-se de passagem, merece o Oscar 2020.

 

* Professor, Pós-graduado em Gestão Escolar pela Faculdade São Fidélis e em Educação Inclusiva e História pela Faculdade São Fidélis; Licenciado em História pelo Centro Universitário Adventista de São Paulo.

 

 

Edição: Katia Marko