Quando o coronavírus avança no país, seis entidades de jornalistas, entre elas a Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), fazem hoje (7), às 19h, um ato virtual (detalhes abaixo) em defesa do respeito aos jornalistas e aos profissionais da Saúde. A atividade ocorre em alusão ao Dia do Jornalista e o Dia Mundial da Saúde, comemorados neste dia 7 de Abril.
Junto com a pandemia, o Brasil enfrenta um presidente que tumultua a missão das duas categorias, tanto agredindo o jornalismo quanto sabotando o combate à doença. “Neste momento, em que a Saúde pública nacional está comprometida desde seu presidente, a partir da mentira e da manipulação, a verdade oriunda do jornalismo passa a ser uma das poucas alternativas de sanidade e reação racional”, aponta o ex-presidente da Fenaj Celso Schroder.
O chamamento para a manifestação registra que, agora, quando é preciso saber sobre a realidade da covid-19 e obter informações vitais para preservar a saúde e a vida, o jornalismo aparece como o que sempre foi: artigo de primeira necessidade. É um momento em que as notícias falsas – curas milagrosas ou duvidosas, por exemplo – prejudicam tanto a saúde quanto o jornalismo.
Face mais perversa
“Nesta questão da pandemia, as fake news apresentaram sua face mais perversa”, avalia Schroder. Ele suspeita que uma espécie de necropolítica esteja em curso, visando “o extermínio de uma parcela enorme da população brasileira”, o que resolveria o problema de caixa do governo Bolsonaro sem tocar nos recursos nacionais.
Diante disso, embora seu papel altamente questionável no passado recente, o jornalismo estaria realizando sua melhor tarefa. “Em que pese a participação decisiva das empresas jornalísticas na criação e na eleição de Bolsonaro, estão cumprindo um papel histórico na denúncia deste crime”. Na sua opinião, “exercer o jornalismo em sua plenitude neste momento deve encher de orgulho a todos os profissionais”. O que engloba tanto aqueles na linha de frente do enfrentamento – da pandemia e de Bolsonaro – “até os da retaguarda, dos mais diversos veículos e plataformas, aos repórteres editores, aos diagramadores e repórteres fotográficos, aos assessores de imprensa, professores, estagiários e alunos de jornalismo”.
Homenagem à Patrícia
No ato de hoje, os jornalistas serão homenageados na figura da repórter Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, ultrajada por Jair Bolsonaro. Para Schroder, o episódio envolvendo Patrícia revela o que Bolsonaro sempre foi. Trata-se, para ele, de um misógino “que se utiliza da violência física ou retórica para atacar aqueles que ele julga mais frágeis”.
Apesar dos pesares, o ex-presidente da Fenaj projeta que o jornalismo e os jornalistas crescerão com a experiência que estão vivendo. “O jornalismo se revitalizará. Por uma única razão: a sociedade precisa dele”, interpreta. Ele pressente que o jornalismo se transformará, como aconteceu na redemocratização, para se converter “talvez no mais importante aríete para derrubar o muro da intolerância”.
O ato virtual será transmitido no canal APJor, do YouTube.
Edição: Katia Marko