Como está de aniversário, vamos imaginar o que Porto Alegre gostaria de ganhar de presente? Muitos pediriam os que a pandemia transformou em importantes e de necessidade imediata: suporte às famílias mais pobres para sobreviverem em tempos de isolamento; as trabalhadoras e os trabalhadores da saúde com proteção e retaguarda; a população de rua – 4.400! – com acesso à higienização, atendimento em saúde e alimentação, para dizer do mínimo; os galpões de reciclagem que dão renda a quase 400 famílias, com respaldo da prefeitura tanto nos insumos para funcionar quanto na venda do produto, o que não está acontecendo; os e as artistas, os grupos e espaços culturais recebendo incentivos para sobreviverem nesse período sem público; as e os pequenos empresários com suporte para não demitir ninguém, com encargos postergados ou perdoados e tantas necessidades mais…
Olhem só, talvez não fossem esses os presentes, não fora o Covid-19 que já vitimou uma pessoa na capital do gaúchos e das gaúchas. A cidade de 248 anos ama seus velhinhos e velhinhas e não brinca quando se trata da vida, então mudou com certeza seus desejos nesse momento, mas não esquece da sua utopia da cidade sonhada coletivamente, das prioridades decididas a público, da paisagem arquitetada em conferências!
Eu aposto que logo estaremos de novo abraçando o Mercado Público que queremos público e popular, assim também o Capitólio e o Atelier Livre – Livre! Que lutaremos pela valorização dos trabalhadores e trabalhadoras públicos que há quatro anos não tem reajuste salarial. Que brigaremos contra a substituição das professoras por contratualizações para o contraturno escolar, contra o desmonte da educação integral.
Às trabalhadoras e trabalhadores da saúde demitidas do IMESF – Instituto Municipal da Estratégia da Saúde da Família – seguiremos solidários para que sejam chamados ao trabalho, pois quem está penalizado com isso são os e as usuárias do SUS com postos mais distantes, menos fichas para consultas, menos prevenção.
Logo voltaremos à defesa do DMAE, que assumiu o DEP – os esgotos pluviais – e não tem pessoal, e o prefeito quer entregar à especulação privada! Ops, esse virou ainda mais essencial porque precisamos o tempo todo lavar as mãos, o rosto, a casa e as roupas para não adoecermos! Isso: queremos de presente água, ela e seus operadores e operadoras bem tratados! Queremos nosso Guaíba limpo e nossa linda cidade não poluída por uma mina de carvão que querem liberar logo ali!
Agora de presente para Porto Alegre vamos salvar a vida! E as lições que já estão aí sobre a importância vital do Estado público, talvez tornem mais fáceis todas essas lutas que esbarravam na crença do Deus Mercado.
(*) Deputada Estadual do PT, presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da ALRS.
Publicação original disponível no Sul21, AQUI!
Edição: Marcos Corbari