Rio Grande do Sul

PROTESTO

Sindisaúde-RS tentou audiência com governador, mas não foi recebido

Sindicato cobra do governo a disponibilização de Equipamento de Proteção Individual aos trabalhadores da saúde

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Manifestantes protestaram em frente ao Palácio Piratini - Raquel Basilone

Diretores do Sindisaúde-RS tentaram, na manhã desta terça-feira (24), uma conversa com o governador Eduardo Leite (PSDB) para tratar de assuntos ligados à proteção dos trabalhadores da Saúde no Estado. Os diretores do sindicato se mantiveram na frente do Palácio Piratini, protegidos com equipamentos de segurança e com cartazes escritos: "Trabalhadores da Saúde: risco de contaminação e morte. Diálogo já!"

"Na condição de presidente de um sindicato que tem mais de 70 mil trabalhadores em sua base, precisávamos levar ao governo do estado e demonstrar a apreensão e o desrespeito que a nossa categoria está sofrendo neste momento de calamidade pública. Os trabalhadores não estão recebendo o mínimo para trabalhar com segurança e não levar a contaminação para casa", disse presidente do Sindisaúde-RS , Julio Jesien. Ainda segundo ele, dentre outras preocupações dos trabalhadores estão as formas de contaminação dentro das unidades de Saúde, além da falta de comunicação interna dos empregadores com os trabalhadores.

Ao Brasil de Fato RS, Jesien informou que o protocolo recebeu o documento contendo as reivindicações e está encaminhando ao governo. “Conseguimos apenas isso e mais nada. Infelizmente não existe a sensibilidade para os trabalhadores da Saúde”, critica, recordando que existem queixas em inúmeros hospitais. “Temos cerca de 400 denúncias no Sindisaúde-RS por falta de EPIs e, infelizmente, não há uma perspectiva com relação ao ente público estadual”.

O sindicato fez dois outros atos durante a semana em frente a hospitais de Porto Alegre para denunciar a falta de equipamentos de proteção individual (EPI) aos trabalhadores da Saúde e dialogas com os trabalhadores: um na Santa Casa e outro no Mãe de Deus. Como na manifestação desta terça, os representantes do sindicato estavam trajados como um profissional da saúde deveria estar neste momento de calamidade pública.

Reunião em Porto Alegre

Na terça-feira da semana anterior (17), a direção do Sindisaúde-RS se reuniu com o Sindicato dos Hospitais e Casas de Saúde de Porto Alegre (SINDIHOSPA) para tratar sobre as implicações do coronavírus na saúde dos trabalhadores. Representando a categoria, estavam o presidente Julio Jesien, o diretor Arlindo Ritter e a diretora Lúcia Mendonça.

No encontro foram tratados dois assuntos: a Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e a pandemia de coronavírus. Tratou-se sobre a necessidade da prorrogação da validade da atual convenção e outras medidas como: nenhuma demissão de trabalhadores da Saúde durante a crise provocada pela pandemia; criação de uma Comissão de Orientação e Acompanhamento da aplicabilidade das barreiras de proteção aos trabalhadores e o fornecimento e uso adequado dos EPIs, além da liberação de um trabalhador por hospital para fazer parte ativa desta comissão; afastamento remunerado dos trabalhadores pertencentes ao grupo de risco, como idosos, imunodeprimidos, gestantes, lactantes, e pessoas com problemas respiratórios; na ausência do serviço de creche, auxílio financeiro para que as mães e pais possam contratar cuidadores de forma particular; criação de uma nova CCT para incluir possíveis direitos ligados exclusivamente à prevenção e contenção da pandemia.

Conforme informa o Sindisaúde-RS, uma nova reunião ficou prevista para ocorrer ainda nesta semana.

UFRGS vai produzir EPIs e pede doações


Máscaras faceshield estão em produção / Foto: Divulgação UFRGS

A Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) anunciou que começou a produzir máscaras faceshield que serão utilizadas por profissionais da Saúde no atendimento de pessoas diagnosticadas com o novo coronavírus. O trabalho é realizado de forma voluntária por docentes, técnicos e bolsistas nas impressoras 3D de vários laboratórios de pesquisa da Universidade. Os equipamentos de proteção serão doados a hospitais, inicialmente de Porto Alegre, por meio de demanda encaminhada pelo Pacto Alegre, movimento de articulação de entidades da capital responsável pelo cadastramento prévio dos estabelecimentos de Saúde.

Os voluntários iniciaram os trabalhos, mas, diante da crescente demanda que se aproxima, solicitam empréstimo de outras impressoras 3D e doação de insumos para a ampliação da produção. A previsão inicial, conforme a Universidade, é a produção de 200 máscaras até o final desta semana. Os materiais necessários para a elaboração das máscaras são filamentos para as impressoras e folhas de acetato para as viseiras. Mais informações sobre as doações estão em bit.ly/brothersarms.

Edição: Katia Marko