Rio Grande do Sul

REFORMA AGRÁRIA

Encontro Nacional de Mulheres Sem Terra semeia resistência

Evento nacional reunirá quase 4 mil trabalhadoras de 15 países e 24 estados brasileiros, de 5 a 9 de março, em Brasília

Brasil de Fato | Porto Alegre |
O lema remete à presença constante das camponesas na construção da Reforma Agrária - MST

Brasília será palco de resistência ativa, rebeldia e alegria. Trabalhadoras de 24 estados brasileiros e de 15 países se direcionam ao 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, que já é considerado um marco nos 36 anos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

O evento reunirá, de 5 a 9 de março, quase 4 mil mulheres, entre Sem Terra e convidadas nacionais e internacionais, que virão da Zâmbia, África do Sul, Argentina, Espanha, País Basco, Noruega, Suécia, Alemanha, Palestina, Uruguai, França e outros países.

Esta primeira edição tem como lema “Mulheres em luta, semeando resistência”. Ele dialoga com a presença constante das camponesas na construção da Reforma Agrária Popular e na trajetória do MST.

“Todas nós passamos por um processo de luta pela terra, por educação, estrada, crédito, saúde. Nenhuma conquistou algo sem lutar. E lançamos sementes através de ações e conquistas, que motivaram outras mulheres na luta por Reforma Agrária”, explica Salete Carollo, da direção nacional do MST pelo Rio Grande do Sul.

Ela acrescenta que hoje, numa conjuntura de retirada de direitos, as assentadas e acampadas semeiam resistência ativa. “Mais do que nunca estamos mobilizadas para não perdermos o que já conquistamos”, ressalta.

Unidas em defesa dos direitos

O encontro nacional será espaço de estudo e elaboração para aprofundar temas ligados às relações de gênero e étnico-raciais, de enfrentamento ao patriarcado e racismo e de construção do feminismo camponês popular, com a tarefa de fomentar e forjar a participação das mulheres nas instâncias do MST.

Além disso, terá marcha em alusão ao Dia Internacional da Mulher, ato político, oficinas, trocas de experiências, Festival Cantando e Semeando a Resistência e Mostra da Reforma Agrária.

Conforme Sílvia Reis Marques, da coordenação do Setor de Gênero do MST/ RS, além de reafirmar a identidade de lutadoras das mulheres Sem Terra, o evento fortalecerá a unidade da classe trabalhadora. “Será um espaço de projetar lutas para defender nossos direitos, lutar pela Reforma Agrária e apresentar aquilo que temos de mais bonito em nossos assentamentos, que é a produção de alimentos saudáveis, de vida, solidariedade, amizade e unidade das mulheres”, argumenta.

Encontro fortalece laços

Há cerca de dois anos são realizadas diversas ações em preparação ao 1º Encontro Nacional das Mulheres Sem Terra, como oficinas e estudos. Segundo Atiliana Brunetto, da coordenação nacional do Setor de Gênero do MST, a jornada é um importante processo de formação e trabalho de base.

“A mística do encontro fez com que as companheiras construíssem espaços de partilha das suas histórias, de fortalecimento dos laços e também de estudos e debates, pautando questões que permeiam nosso cotidiano no campo”, afirma.

Para Lucinéia Freitas, também do Setor de Gênero do MST, o evento busca consolidar um amplo processo de articulação das mulheres do campo e da cidade para enfrentar retrocessos e retirada de direitos.

Mais de 280 camponesas gaúchas estarão presentes

Mais de 280 gaúchas participarão do encontro nacional. De acordo com Silvia, o evento reafirmará a identidade de mulheres Sem Terra e a importância da unidade da classe trabalhadora.

“Será um marco, pois estaremos juntas nessa construção coletiva, no combate ao capitalismo e na criação de um projeto novo para o país”, sinaliza.

Já as Sem Terra que não irão ao encontro estarão mobilizadas na semana do Dia Internacional das Mulheres, com as trabalhadoras do campo e da cidade, em Porto Alegre. Elas denunciarão as diversas formas de violência, a falta de emprego e a precarização da saúde e da educação.

No dia 9 de março, assentadas comercializarão no Largo Glênio Peres a produção de assentamentos da Reforma Agrária, como arroz orgânico, molho de tomate, sucos, geleias, pães, verduras, farinhas, feijão, entre outros alimentos.

Edição: Katia Marko