Cia de Mulheres se propõe como um encontro entre mulheres que trabalham em distintas áreas artísticas e têm como fio condutor a cena; uma mostra de pesquisas e processos de escrita e dramaturgia feminina. São pequenos solos onde as artistas falam de seus processos e técnicas e interpretam dramaturgias autorais em diversas linguagens como a atuação, a dança, o rap, a performance, a poesia e a música.
E toda essa potência criativa estará presente na IV Semana da Mulher do Teatro de Arena, segunda-feira, dia 09 de março, às 20 horas. Em cena, a produção autoral das artistas Raquel Grabauska, Mirna Spritzer, Maria Albers, Daniele Zill, Suzane Cardoso, Aline Ferraz, Temis Nicolaidis, Anandreia Altamirano, Juçara Gaspar e da banda Minervas.
Assinam a produção desta reunião do coletivo: Juçara Gaspar, Raquel Grabauska e Kátia Bressane.
Sinopses dos solos:
Pedazo de artista
Nessa performance a intérprete Daniele Zill continua sua incursão através da linguagem flamenca - seu canal principal, mas não exclusivo, de criação e atuação -, utilizando-se dela como plataforma expressiva para problematizar questões referentes ao estado da arte , ao uso do corpo e ao paradoxo do atualíssimo ativismo de gênero mediante o massacre (em curso) da onda neomoralista.
Ascensão
Ascensão é a força do feminino em busca de plenitude. É a força que brota da terra e que não tem caminhos óbvios nem preestabelecidos para acontecer. No corpo e pelo corpo, ela dança entre potências e impedimentos, entre terra e céu, dentro e fora, luz e sombra, morte e vida... polaridades de um estado de presença em si e no mundo. Ascensão é um fragmento do espetáculo de dança ainda em processo Camisa de Força em Vênus, de autoria de Maria Albers, que conta com a colaboração coreográfica dos artistas Márcio Mariath, Patrícia Unyl, Tatiana da Rosa e Roberta Savian.
Nenhuma a Menos!
Atuação: Aline Ferraz
Fotografia: Temis Nicolaidis
Criação: Aline Ferraz e Temis Nicolaidis
A cultura do patriarcado vem deixando, ao longo dos séculos, cicatrizes de profunda violência em nossa organização social. Mas, principalmente, na vida das mulheres. São séculos e séculos de repressão sistemática ao feminino, de ‘caça às bruxas’, de feminicídio. Mulheres relegadas à submissão e os valores patriarcais interiorizados seguem atuando, inclusive, nos dias atuais para “manter a mulher no seu devido lugar”. Ou seja, servil, domesticada, dócil, frágil, dependente, sem desejos ou voz, protegida, propriedade privada. “Nenhuma a Menos!”, pesquisa em processo de experimentação e criação, tem seu terreno fértil no hibridismo entre o teatro, a poesia e a fotografia. Reinventando fazeres e pensares para trazer à superfície o debate acerca da violência de gênero contra as mulheres. A narrativa busca promover a reflexão em torno da questão por meio de uma cena expandida que intensifica e tenciona as relações entre arte e vida.
Corpo de mãe
Maternidade, ser mulher, lugar de existir. Raquel Grabauska, do grupo Cuidado Que Mancha, conta através de textos autorais pitadas diversas do universo feminino.
A mulher de Lot, de Mirna Spritzer
Olhar para trás e não congelar.
Atravessar o mar sem saber nadar.
Diferenciar a dor de tudo que não é ela.
E incessantemente não saber algo de importante.
Mães e filhas.
Somos uma fila de meninas.
Tsunami de mulheres.
Alfonsina Storni
Intérprete: Anandrea Altamirano
Direção: Juçara Gaspar
Alfonsina Storni é uma mulher histórica do século XX. Nasceu na Suíça em 1892 e atravessou o oceano ainda bebê, para viver com a família na Argentina, onde deixou o legado de suas melhores obras e um filho, Alejandro. Escritora, poeta, artista, uma mulher que pensou, agiu e viveu pra além do seu tempo. Como ela, existem muitas mulheres que lutaram juntas e que ainda não tiveram sua memória muito reconhecida ou rememorada. A ideia principal desse projeto é dar voz a vida e as palavras dessa mulher excepcional. Através de uma pesquisa de seus textos, por meio da própria interpretação vinculada a historia, ao teatro, música e dança.
Mina de Rima, de Suzane Cardoso
Utilizando da palavra, a atriz-mc improvisa sua vida em poesia, aproximando as linguagens do teatro e da cultura hip hop em um depoimento que coloca em foco as divergências entre vida acadêmica e a realidade da periferia.
Minervas
Grupo de mulheres reunido a partir de um projeto de extensão do IFRS, com gana de produzir e de ocupar os espaços dentro do instituto - que são majoritariamente ocupados por homens. Em um processo de composição e escrita criativa, as integrantes experimentam músicas autorais e poemas.
Serviço:
Cia de Mulheres na IV Semana da Mulher do Teatro de Arena
Dia 09 de março (segunda-feira)
Teatro de Arena. Av. Borges de Medeiros, 835 - Porto Alegre / RS
Ingressos: R$ 10, no local.
Edição: Katia Marko