Rio Grande do Sul

EDUCAÇÃO

Rede Estadual RS: 36 escolas pedem diálogo e respeito à Educação

Escolas questionam a política do governo Eduardo Leite para a educação

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Professores , estudantes, pais e mães se manifestam durante a reunião da Comissão de Educação da ALERGS. - Marta Resing

A pauta da educação na terça-feira (03) foi intensa com inúmeras comunidades escolares da capital e do interior denunciando as ações das Coordenadorias Regionais de Educação e reivindicando diálogo com a
Secretaria Estadual. Tanto na reunião da Comissão de Educação da Assembleia Legislativa, pela manhã, e na reunião com a equipe diretiva da Seduc à tarde que durou quase três horas, diretores, professores, pais e mães posicionaram-se contra o fechamento de turnos, a retirada da segurança das escolas e pela revogação da diretriz que exclui os alunos especiais das escolas que não possuem laudo.

Conforme a deputada Sofia Cavedon (PT), presidente da Comissão na ALRS, "36 escolas participaram da audiência onde as políticas de educação do governo estadual foram questionadas e criticadas por todos que se manifestaram" destaca a parlamentar que articulou o encontro dos diretores com a Seduc. Na Secretaria Sofia enfatizou que o esvaziamento do espaço pedagógico com o fechamento de turnos, de turmas e escolas, a retirada da segurança nas instituições e a falta de diálogo da Secretaria e CREs da rede estadual é inaceitável. "Pedimos essa reunião para que a comunidade escolar seja ouvida pela gestão da Secretaria", afirmou a deputada.

Após o encontro Sofia considerou um grande avanço o diálogo ocorrido, que inclusive reverteu a situação de fechamento de turno de algumas das escolas presentes. "Ficou muito claro que a falta de diálogo é um problema das Coordenadorias que deveriam conhecer a realidade da escola, ouvir a direção e o conselho escolar. Essa falta de diálogo é que tem gerado muito das crises denunciadas e que se tivessem sensibilidade e percepção por parte das CREs das demandas, as escolas não teriam tantos problemas".

A deputada informa ainda que todas as instituições foram ouvidas e irão encaminhar para a Secretaria, via email, a situação de cada uma que será analisada individualmente.  A parlamentar informa também que foi anunciado pela Seduc a contratação de segurança, em licitação, para a noite e, para o período do dia, será realizada por cargos que a própria Secretaria tem.

Professores criticam ações do governo estadual em reunião da Comissão de Educação

Sobre o fechamento de turnos, a professora da Escola Estadual de Ensino Fundamental (EEEF) Nossa Senhora do Rosário, Mirian Torres, afirmou que o impacto será enorme para os jovens de Rosário do Sul. “A nossa escola também é um espaço que mantém os alunos longe da violência e das drogas. Em um único turno, é impossível fazer o atendimento e ter a estrutura física para atender 300 jovens. O fechamento é um crime contra a educação”.

A merenda escolar foi outro ponto ressaltado na fala dos educadores. Shirley Rejane da Silva, diretora da EEEF Padre José Anchieta de Rosário do Sul, reforçou a perda da qualidade do serviço oferecido às crianças. “A precarização vai retirar os direitos de crianças carentes, que não terão merenda de qualidade, nem educação. Muitas crianças vão para a escola para comer a merenda, pois não tem alimentação em casa. Tudo isso só vai aumentar a evasão escolar e a criminalidade”.

Não só do interior do estado ocorreram manifestações. Segundo Rosane Lattuada, diretora da EEEF Professor Carlos Rodrigues, de Porto Alegre, a Secretaria de Educação do Estado (Seduc) sequer comunicou o fechamento de turno na escola. “Não houve o comunicado de fechamento de turno, mas sim o bloqueio no sistema de matrículas para o turno da tarde. Então, o governo estadual sequer dialoga conosco”. A diretora citou as melhorias realizadas no local nos últimos quatro anos. “Tivemos reformas para melhorar a acessibilidade na escola e isso para quê? Para fecharem o turno agora? É um desperdício do dinheiro público”, lamentou.

Segurança

A demissão de vigilantes em algumas escolas estaduais também foi alvo de críticas de profissionais da educação. A professora Cristina Paiva, da EEEF Dom Pedro I, salientou a necessidade da presença do vigilante: “Com a retirada da vigilância nossa escola irá retornar ao ciclo de roubos e invasões”.

Para o Sindivigilantes do Sul, sindicato da classe, o trabalho do vigilante é, muitas vezes, desrespeitado e negligenciado. “Além de assegurar a segurança da escola, o vigilante também tem preparo para combater incêndios e prestar os primeiros socorros”, afirmou o secretário de Finanças do órgão, Luiz Henrique da Silva. O conselheiro do Sindicato, Marcos Barreto, foi um dos demitidos e reforça o trabalho de prevenção do profissional de segurança. “Onde os vigilantes estão presentes não há problema de violência nas escolas”.

A presidente do Sindicato dos Professores (CPERS), Helenir Aguiar Schürer,
reiterou as posições da deputada. “Todos precisam estar unidos na defesa e
proteção das crianças que querem estudar e merecem que a educação seja de qualidade”.

As escolas que participaram da reunião da Comissão de Educação:
Escola  Mario Quintana de São Leopoldo;
Escola 27 de Maio;
Escola Nossa Senhora do Rosário (Rosário do Sul);
Escola Carlos Rodrigues (POA);
Escola Mariz e Barros;
Escola Professor Claudio Moreira - Santana do Livramento;
Escola Onofre Pires (POA);
Escola Padre Anchieta de Rosário do Sul;
Escola Dom Pedro I (PoA);
Escola Seival, de Candiota;
Escola Tenente Portela de Tenente Portela;
Escola Coxilha de Santo Ignácio de Santana do Livramento;
Escola Moisés Vianna de Santana do Livramento;
Escola José Carlos Ferreira de Porto Alegre;
Escola Francisco Balestrin de Tenente Portela;
Escola Baipendi de Porto Alegre;
Escola Paulo Freire de Santa Maria;
Escola Almirante Bacelar de PoA;
Escola Alvarenga Peixoto;
Instituto de Educação do RS;
Escola Sonho de Um Menino  de Cruz Alta;
Escola Floriano Peixoto de Engenho Velho;
Escola Silvino Guerreiro de Caiçara;
Escola Canadá de Viamão;
Escola 27 de Maio de Taquara;
Escola Cristo Rei;
Escola Auri Berschsner de Salvador do Sul;
Escola Balbino dos Santos de Herval Seco;
Escola Dr. Hector Acosta de Santana do Livramento;
Escola Cônego de Nadal;
Escola Antônio  Conselheiro de Santana do Livramento;
Escola Alceu Wamosy Santana do Livramento;
Escola Carolina Argemi Vasquez, de Rosário do Sul;
Escola Luiza Teixeira Laufer;
Escola Liberato;
Escola Rodolfo Costa.

 

Com informações da Agência de Notícias.

Edição: Katia Marko