Morreu o livreiro Rui Gonçalves na noite deste domingo (16). Ele faleceu num acidente banal, enquanto limpava as calhas do prédio da Livraria Palmarinca, na rua Jerônimo Coelho, no Centro Histórico de Porto Alegre. Rui tinha 68 anos, e dedicou sua vida inteira de trabalho pela cultura e pelo amor pelos livros.
O nome de sua livraria foi escolhido para homenagear as lutas de resistência do quilombo de Palmares e dos Incas. A confraria dos Amigos do Livro perdeu seu fundador e principal animador.
Em 2018, o professor e pesquisador da Unipampa César Beras contou em um livro – Livros, sentimentos, capitalismo e resistência – a trajetória de Rui Gonçalves e sua livraria. Segundo Beras, “ao longo do tempo, a Livraria Palmarinca tem sido um espaço plural e agregador do campo das ideias, sendo ponto de encontro de intelectuais e local de compartilhamento de leituras.
Formado em Jornalismo, Rui fundou a Palmarinca em 1972, durante a ditadura, vendendo acervo da biblioteca de seus pais. Rapidamente tornou-se referência como livreiro, conseguindo livros proibidos pelo regime e até importando diretamente alguns títulos.
Rui tinha dois filhos e estava preparando o mais velho, Alexandre, para substituí-lo na função de administrar a livraria. Alexandre estava com o pai na hora do acidente. Até fechar esta matéria não se tinha notícias sobre o enterro. A Brigada Militar atendeu ao acidente e até o Samu foi chamado, mas quando chegou o socorro ele já havia falecido. Hoje a livraria Palmarinca está fechada. E, nós, amantes dos livros e amigos de Rui, estamos de luto.
Edição: Katia Marko