Rio Grande do Sul

VIAMÃO

Moradores de Viamão realizam ato contra aterro sanitário na zona rural da cidade

Ato acontece dois dias após o Ministério Público pedir o afastamento do prefeito André Pacheco por suspeita de fraude

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Moradores de Viamão se unem em ato contra a proposta prefeitura de instalar aterro sanitário na zona rural da cidade. - Kátia Marko

“Aterro não! Muito mais que interesse, muito mais que ganância, se prepara Viamão é o bonde contra o lixão” entoavam manifestantes, na praça central, do município de Viamão. O ato foi promovido pelo Movimento Não ao Lixão que há um ano se mobiliza contra a instalação de um aterro sanitário na zona rural e que há um mês, todas as sextas-feiras, faz mobilizações e conversa com a população, na praça da cidade. A atividade, dessa tarde de sexta-feira (14), acontece dois dias após o pedido de afastamento do prefeito André Pacheco (sem partido) e cinco secretários por 180 dias por suspeita de crimes de responsabilidade e fraudes licitatórias. 

Com apoio de uma bateria, cartazes, sacos de lixos e vassouras, os manifestantes denunciavam seu desagravo contra a instalação do aterro. Para Rubem Schütz, morador do Cantagalo, e uma das pessoas que iniciou o Movimento Não ao Lixão, o objetivo da prefeitura com a instalação desse aterro é trazer o lixo de outras cidades para o município. “Nosso objetivo com essas mobilizações é divulgar cada vez mais o absurdo que está nossa cidade. Prova disso, o que aconteceu essa semana, ou seja, além do aterro beneficiando alguns, prefeito e secretários, já tinham outras áreas que estavam sendo roubadas”. 


Para moradores, se o aterro for instalado, a cidade de Viamão se tornará a "capital dos lixões" / Katia Marko

Os manifestantes afirmam que o aterro significa um crime ambiental, e lembram que na região se planta arroz orgânico e outros alimentos orgânicos sem uso de agrotóxicos, além de haver, nas proximidades onde se pretende instalar o lixão, etnias indígenas. “Temos escolas na região onde querem implantar o lixão de 28 cidades”. 

Para o Movimento, é preciso a mobilização da comunidade para evitar a instalação. “Sabemos que dentro disso estão interesses que não só os legais, mas outros interesses. Queremos que o poder público faça seu papel, queremos que o lixão não aconteça aqui e em lugar nenhum. Há outras formas de tratar o lixo”. 

Presente ao ato o vereador Adão Pretto Filho (PT) reafirmou a intenção da atual gestão de trazer para a cidade o lixão de 28 cidades. “Nossa cidade tem um grande potencial de desenvolvimento social e econômico, cuidando da natureza. Esse prefeito, agora afastado, queria trazer, junto com partidos que compõe a sua base, grande projeto, do lixo de 28 cidades, e não sabemos qual o interesse por trás disso”. 

O vereador Guto Lopes (PSOL) que assim como Pretto acompanha desde o início as mobilizações, lembrou que o projeto começou em 2016, na gestão anterior, e de que desde o início foram feitas denúncias. “Como era ano eleitoral esfriou o assunto. E como trazer um lixão não dá voto, esconderam o assunto, dizendo que era mentira nossa”, ilustrou. Para Guto a mobilização popular é importante, pois, conforme afirma, foi ela a responsável por barrar até agora a instalação do aterro. “A máfia do lixo é muito poderosa e sabemos que ela financia campanhas eleitorais e quer se perpetuar no poder financiando esses políticos”. 

Após a concentração na praça, os manifestantes se dirigiram até a frente da prefeitura e realizaram uma limpeza simbólica. 


Durante o ato, moradores fizeram uma limpeza simbólica em frente à prefeitura / Katia Marko

Na avaliação de Caroline Argenti, integrante do movimento e moradora do Cantagalo, o pedido de afastamento do prefeito reafirma que a gestão estava atuando em benefício de grandes empresas.  “Os políticos de Viamão querem colocar um aterro sanitário, com alto potencial poluidor, em meio à zona rural que vai implicar além da água, milhões de outros fatores. A comunidade está acordando e dizendo não”. 

Acompanhe aqui a cobertura.


Cobertura de Kátia Marko para o Brasil de Fato RS e Rede Soberania

Edição: Katia Marko