A CUT-RS e centrais sindicais prometem amanhecer nesta sexta-feira (14) em frente ao prédio do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), na Travessa Mário Cinco Paus, atrás da Prefeitura, no centro de Porto Alegre, para dar um bom dia à Previdência e denunciar o caos instalado pelo governo Bolsonaro. Na manifestação, que terá início às 7h, haverá distribuição de panfletos para a população. Também serão realizados protestos em agências do INSS de outros estados.
“Vamos chamar a atenção para o sucateamento e a destruição da Previdência em consequência da falta de investimentos e da má gestão do governo Bolsonaro e alertar que a população tem que exigir que os problemas de atendimento sejam resolvidos”, afirma o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci. “É injusto que o trabalhador e a trabalhadora, mesmo contribuindo todos os meses, quando mais precisam do INSS, não são atendidos com dignidade”.
Concurso público já
“Queremos que o governo realize imediatamente concurso público para contratar funcionários e completar o quadro de pessoal, a fim de acabar com as filas quilométricas para concessão de benefícios garantidos por lei”, destaca Amarildo.
Desde o golpe de 2016, o quadro de servidores caiu de 33 mil para 23 mil. Além disso, a gestão atual decidiu colocar funcionários que atendiam o público na retaguarda em trabalhos internos e todo atendimento que era feito no balcão passou a ser feito por meio do INSS Digital.
O resultado é que o INSS está sobrecarregado, com alta demanda de pedidos de concessão de benefícios, como aposentadoria e auxílio-doença, e a falta funcionários piora o problema. Atualmente são mais de dois milhões de brasileiros aguardando análise dos pedidos.
Caos no INSS em todo o Brasil
O caos não ocorre somente no Rio Grande do Sul, mas em todo o Brasil. “O sistema entrou em colapso. Filas enormes, tanto virtuais quanto nas agências, o povo sofrendo com a precariedade dos serviços e trabalhadores sobrecarregados, adoecendo. É a trágica situação do INSS atualmente”, disse o presidente nacional da CUT-RS, Sérgio Nobre.
Ele alerta que a situação do INSS é um exemplo do que vai acontecer em outras áreas, como saúde e educação e, por isso, é importante conscientizar o povo brasileiro e os servidores que o caos no instituto pode ocorrer em outros setores porque este governo quer vender tudo para a iniciativa privada, até as aposentadorias e outros benefícios previdenciários. Mas, antes de privatizar, eles desmontam.
“Bolsonaro e Guedes têm aversão a tudo o que é público e querem transformar tudo em privado. Essa é a visão ultraliberal deles que traz graves consequências para o povo. Se todos os serviços forem privatizados, como fica o povo, que não tem nem emprego nem renda para pagar por esses serviços?”, questiona Sérgio Nobre.
“As pessoas têm direito ao serviço público. No INSS, não é só pela aposentadoria. É porque elas têm problemas de saúde, sentem dores, estão afastadas do trabalho e não podem receber durante o tratamento”, completa o presidente da CUT.
Mas, para tentar sanar os problemas do INSS, causados também pelo fechamento de agências e a falta de investimentos nos equipamentos, ao invés de apresentar soluções efetivas como contratar mais trabalhadores entre os milhões de desempregados e realizar concursos públicos, o governo chama militares da reserva para cobrir a falta de funcionários. Esses militares, já aposentados, não estão qualificados para desempenhar as funções do Instituto.
Sucateamento ameaça outros serviços públicos
O sucateamento do INSS é um exemplo do que pode acontecer em outras áreas do serviço público que são essenciais à população, em especial às pessoas mais carentes. Investimentos em saúde e educação já foram cortados pelo governo.
Segundo dados do Tesouro Nacional, somente no primeiro ano de mandato, Bolsonaro cortou 4,3% dos gastos com saúde e 16% dos gastos com educação. Enquanto isso, a área da defesa teve um aumento de 22,1% de aumento nos investimentos.
“O INSS já foi desmontado. Agora fazem a mesma coisa na educação e na saúde. O que Bolsonaro e Paulo Guedes [ministro da Economia] querem, na verdade, é fazer uma reforma administrativa para cortar salários e demitir funcionários públicos”, alerta Sérgio Nobre.
O dirigente nacional da CUT ainda reforça que o povo continuará precisando e procurando escolas, hospitais públicos e outros serviços, e com a falta de servidores, a exemplo do INSS, o caos será instalado nos outros setores.
Só resistência e luta podem mudar esse cenário
A secretária-geral da CUT Nacional, Carmen Foro, afirma que “a resistência da classe trabalhadora é o único caminho para barrar o desmonte do Estado pelo governo Bolsonaro”.
Ela reforça a importância de todos os trabalhadores e trabalhadoras do Brasil participarem dos atos e, junto com a CUT e demais centrais lutarem pelos direitos dos brasileiros de ter acesso aos benefícios previdenciários nos prazos determinados pela lei.
“Somos os mais prejudicados por esse verdadeiro ataque ao INSS. Imagine uma gestante que dá a luz ao seu filho e não consegue receber, há meses, o seguro maternidade. Isso está acontecendo em todo país e é um absurdo”, protesta Carmen.
Fonte: CUT-RS e CUT Brasil
Edição: Katia Marko