A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (6) a Operação Gaveteiro com dois mandados de prisão preventiva e 41 mandados de busca e apreensão, em endereços situados no Distrito Federal, Goiás, São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul.
Além das prisões e buscas, a Justiça Federal também determinou o bloqueio do valor aproximado de R$ 76 milhões nas contas dos investigados. Foram concedidas ainda medidas cautelares proibindo os investigados de se ausentarem do País.
Eles são possíveis envolvidos em um esquema de corrupção no extinto Ministério do Trabalho, durante os anos de 2016 e 2018, após o golpe que derrubou a presidenta Dilma Rousseff.
Ministro da reforma trabalhista de Temer
Um dos alvos é o ex-deputado federal Ronaldo Nogueira (PTB-RS). Ele foi nomeado ministro do Trabalho pelo presidente ilegítimo Michel Temer, em 2016, e esteve à frente da reforma trabalhista, que retirou direitos dos trabalhadores e das trabalhadoras.
Nogueira é também pastor e integrava a bancada evangélica na Câmara. Como ministro, ele assinou também uma portaria que dificultava a fiscalização do trabalho escravo. Deixou o cargo no final de 2017.
Desde 2019, ele é o presidente da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), indicado para o cargo pelo ministro Onyx Lorenzoni (DEM-RS), da Casa Civil, que passa por um processo de fritura no bolsonarismo.
A PF chegou a pedir a prisão do ex-ministro, mas ela foi negada pela Justiça. Em nota à imprensa, Nogueira afirmou que tem o "maior interesse" no esclarecimento dos fatos e que se coloca à disposição das autoridades.
Outro alvo é o ex-deputado federal Jovair Arantes (PTB-GO), que era o líder da bancada na Câmara. Hoje é filiado ao MDB.
Além de apoiarem o golpe, Nogueira e Jovair votaram a favor e ainda defenderam a reforma trabalhista na campanha eleitoral, mas não foram reeleitos em 2018, diante das denúncias da CUT e entidades sindicais.
Também está envolvido na operação da PF o ex-assessor de Onyx, Pablo Tatim.
Desvios de R$ 50 milhões
Segundo a polícia, o grupo teria desviado mais de R$ 50 milhões do Ministério do Trabalho. Todos são suspeitos de cometer os crimes de peculato, organização criminosa, fraude à licitação, falsificação de documento particular, corrupção ativa e passiva, com penas que, se somadas, podem chegar a mais de 40 anos de prisão.
As investigações, iniciadas em razão de relatório da Controladoria Geral da União (CGU), apontam que a contratação de uma empresa de tecnologia da informação foi apenas o subterfúgio utilizado pela organização criminosa que atuava no Ministério do Trabalho. O objeto da contratação foi a aquisição de solução de tecnologia e licenças, voltadas a gerir sistemas informatizados do Ministério e detectar fraudes na concessão de seguro-desemprego.
* Com informações da CUT-RS
Edição: Marcelo Ferreira