O terceiro dia da greve nacional dos petroleiros foi marcado por atos de solidariedade em todo o país. Na Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas (RS), representantes de diferentes categorias e lideranças dos movimentos sociais participaram do ato, pela manhã, em apoio ao movimento paredista dos petroleiros. Unidades de 11 estados e 20 bases operacionais da Petrobras estão paralisadas em todo o Brasil, segundo informações do Sindicato dos Petroleiros do RS (Sindipetro-RS).
O movimento exige a suspensão das mil demissões na Fábrica de Fertilizantes Nitrogenados do Paraná/Araucária Nitrogenados (Fafen/Ansa), cujo fechamento foi anunciado pela direção da Petrobras no dia 14 de janeiro. Exige também respeito ao Acordo Coletivo de Trabalho (ACT), além da retomada das negociações com os sindicatos e fim da implantação de medidas unilaterais e prejudiciais aos trabalhadores. Para pressionar a gestão da empresa, a Comissão de Negociação Permanente da Federação Única dos Petroleiros (FUP) ocupa, há três dias, a sala de reuniões da sede administrativa da Petrobras, no Rio de Janeiro.
O ato realizado na frente da refinaria, nesta manhã, recebeu um grande apoio de representantes da educação. Além da professora e deputada estadual Sofia Cavedon (PT), professores e estudantes reforçaram a importância da Petrobras estatal para o desenvolvimento do país, e o quanto todos os brasileiros vão perder com a sua venda. "Essa luta é de todos os trabalhadores, não só dos petroleiros ou dos sindicatos. O povo brasileiro precisa acordar, o petróleo é nosso. O Brasil não pode voltar ao tempo de colônia, ao tempo de submissão, onde só exportava grãos e óleo bruto, e não ter condições de se inserir no mundo com ciência e tecnologia", critica Sofia. "Olha o que acontece com a China, hoje em dia tem alta tecnologia. O Brasil, com todas as condições, elegeu um presidente que não tem amor ao povo brasileiro, que abre mão da soberania e do desenvolvimento".
Acompanhado de representantes de diversas categorias filiadas à Central Única dos Trabalhadores (CUT) que estiveram presentes no ato, o presidente da CUT-RS, Amarildo Cenci, destacou que a greve contra a destruição da Petrobras chama atenção para o projeto de poder que quer transformar o país numa grande fazenda do Século 19, exemplificando com a venda da Fafen. "O capital vai achando estratégias de em uma ponta cortar direitos e na outra se apropriar de ativos que os países possam ter, como indústria, ciência e tecnologia. Estamos aqui para dizer que essa greve é nossa para que essa empresa siga pública e a serviço do nosso povo", afirma.
Defesa da Petrobras e da Refap
O diretor administrativo e financeiro do Sindipetro-RS, Dary Beck Filho, explicou que a greve tem como principal objetivo denunciar a ação da Petrobras de fechamento da Fafen-Paraná causando desemprego cerca de mil trabalhadores e trabalhadoras. “Houve uma afronta direta ao acordo coletivo assinado no fim de 2019. Tem uma cláusula que diz que a empresa deve se abster sem fazer demissões coletivas sem fazer uma negociação com os sindicatos. A única conversa que teve com o sindicato respectivo deles foi chamar os companheiros e a visar que naquele momento estava contando o prazo de até 90 dias para que todos fossem demitidos”.
Além disso, aponta Dary, há o processo da venda da Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas, e de outras refinarias da Petrobras. “Há processo de venda de vários ativos, plataformas, campos de produção, é um desmonte que tem sido feito na empresa”. destaca, apontando que a greve terá boa adesão. “Aqui no RS, a greve foi aprovada de forma expressiva. Aqui tem preocupação objetiva da Refap, do Terminal de Osório e do Terminal de Canoas, que estão sendo vendidos. A Petrobras está indo embora do RS, apesar da atua gestão dizer que está preocupada com os trabalhadores. Temos uma demonstração clara com o processo da Fafen do tipo de preocupação que eles tem”, critica.
Assista à transmissão do ato pela Rede Soberania.
* Com informações do Sindipetro-RS
Edição: Marcelo Ferreira