No quarto dia do Fórum Social das Resistências 2020, que ocorre em Porto Alegre desde a terça-feira (21), aconteceu a tradicional Assembleia dos Povos. Na atividade, realizada na tarde desta sexta-feira (24) no auditório da Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras em Instituições Financeiras do Rio Grande do Sul (FETRAFI-RS), centro de Porto Alegre, foram apresentados os resultados, diretrizes e propostas de 11 debates de convergência realizados durante o evento.
“Foi muito forte aqui a questão do Estado Democrático de Direito, da Seguridade Social, do empoderamento das mulheres, da luta LGBT, da luta contra o encarceramento em massa e o genocídio da juventude negra, da mineração e da luta ambiental. E toda solidariedade com os povos indígenas”, explica Mauri Cruz, representante do CAMP, organização que compõe a Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais (Abong). “Esse temas foram reiterados bastante como denúncia, e por outro lado com construção de alternativas”.
Durante a tarde, representantes de variados movimentos, entidades e segmentos que ajudaram a construir o Fórum compartilharam os resultados, permeados por apresentações artísticas. Inicialmente, o músico Zé Martins, do grupo Unamérica, tocou as tradicionais canções populares e de luta latino-americana. No decorrer da atividade, também houve a participação do movimento hip hop, com rimas, dança e um manifesto pela importância da valorização da arte que se conecta com as periferias brasileiras.
Rita Freire, que faz parte do conselho internacional do Fórum, destacou que a conjuntura brasileira atual exemplifica o que está acontecendo no mundo. “Nesse Fórum, as assembleias e convergências fizeram muito essa conexão entre o cenário brasileiro de retrocessos, esse projeto que está se instalando violentamente no Brasil com o governo Bolsonaro, com o que está acontecendo no resto do mundo em termos de conservadorismo, recrudescimento do capital e do neoliberalismo, em termos do uso das armas, da guerra”, aponta.
Ela avalia ainda que o Fórum foi um importante espaço para que a diversidade representada nas atividades encontre pontos em comum para travar uma luta transformadora. “Isso é um desafio que se põe em questão, se você faz uma luta revolucionária, ou com identidades, como a luta das mulheres, dos negros, aqui nesse Fórum vimos que essas lutas tão conectadas numa luta maior”.
Para Mauri, outro ponto fundamental é pensar formas e alternativas para a população brasileira enfrentar a crise e construir outras formas de relação para além do capitalismo a partir da cultura, da arte, da economia solidária e da luta nas ruas. “Esse fórum é um processo, é construído a partir dos movimetos e não preparado por uma cúpula e isso a fortaleza. Tivemos uma série de debates nesses quatro dias e vamos seguir articulando, tudo o que se construiu aqui vai gerar uma agenda de lutas que vai se trabalhar em 2020 e certamente vai reverberar no Fórum Social Mundial que acontece no México, em 2021”, conclui.
Agenda de mobilização
2 de fevereiro – Dia em defesa das Águas Sagradas
Março a junho – Campanha/jornada/caravana nacional por Democracia e Direitos humanos
8 de março – Dia Internacional da Luta das Mulheres
18 de março – Dia de Luta contra o Projeto Mais Brasil (Emenda Constitucional 95)
22 de março – Dia Mundial da Água
7 de abril – Dia Mundial da Saúde
1º de maio – Dia Internacional do Trabalho
25 de julho – Dia das Mulheres Negras, Latino-americanas e Caribenhas
7 de setembro – Marcha dos Excluídos
20 de novembro – Dia Nacional da Consciência Negra
3 de dezembro – Dia Internacional contra os Agrotóxicos
Agenda de articulação
Solidariedade Internacional pelos Povos que Lutam por Libertação (Palestina/Curdos)
Fórum Mundial de Comunicação e Democracia
XII FMML Fórum Social Mundial Diversidade e Interseccionalidade
23 a 26 de março – Colômbia – Fórum Social Panamazônico
25 a 27 de junho – Barcelona – Fórum Social Mundial de Economias Transformadoras
20 de novembro a 10 de dezembro – 21 dias de ativismo pelo fim da violência contras as mulheres
Dezembro – Fórum Social das Migrações em Tunes
Veja a programação dos últimos dias de atividade do Fórum Social das Resistências.
Edição: Katia Marko