Rio Grande do Sul

OUTRO MUNDO É POSSÍVEL

Juventude debate o futuro do trabalho no Fórum das Resistências

Atividade realizada no Camp abordou o jovem frente ao mercado de trabalho marcado por desemprego e desmonte

Brasil de Fato | Porto Alegre |
Roda de conversa reuniu jovens, militantes e pesquisadores, na tarde dessa quarta-feira (22)
Roda de conversa reuniu jovens, militantes e pesquisadores, na tarde dessa quarta-feira (22) - Fotos: Ezequiela Scapini

A roda de conversa sobre “Juventude e o futuro do trabalho”, atividade integrante do 2º Fórum Social das Resistências, reuniu jovens, militantes e pesquisadores, na tarde dessa quarta-feira (22), em Porto Alegre. A atividade foi realizada no auditório do Centro de Assessoria Multiprofissional (Camp), debatendo a situação da juventude no atual mercado de trabalho em meio ao desemprego e à flexibilizações das leis trabalhistas.

Por meio de intervenção artística, três dos jovens presentes encenaram a dura realidade da juventude trabalhadora: o jovem do campo que é obrigado a ir em busca de trabalho na cidade; o jovem negro exterminado nas periferias; e aquele que, mesmo formado, trabalha em bicos, como é o caso dos entregadores de bicicleta por aplicativo.

Para Kitanji Nogueira, uma das debatedoras e integrante do Fórum Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional dos Povos Tradicionais de Matriz Africana (FONSANPOTMA), as jovens mulheres são as que mais estão inseridas em postos de trabalho precarizados e informais. “Às vezes meninas de 16 anos se responsabilizam pelo cuidado de várias crianças para ganhar R$ 50, valor que pode ser ainda mais baixo dependendo da periferia”. A afirmação de Kitanji vai ao encontro do relatório da Oxfam lançado no dia 19 de janeiro, que mostra que a desigualdade de gênero contribuiu para precarização na condição de trabalho das mulheres fora de casa.

Precarização atinge juventude que chega ao mercado de trabalho

Outro dado surpreendente para o público presente foi trazido por Fernanda Schutz, integrante do Movimento das Trabalhadoras e Trabalhadores por Direitos (MTD), entidade organizadora do evento. “A população jovem tem taxas de desemprego altíssimas. Somente a juventude entre 18 e 24 anos possui taxa de desemprego de 25%, muito maior que a média nacional”, avalia. No Brasil, em 2019, a taxa de desemprego foi de 11,8%, segundo dados do IBGE.

Ainda que a realidade seja dura para a juventude trabalhadora, a jornalista e também integrante do FONSANPOTMA Alessandra Folyver, destacou que desistir é o pior dos cenários. “Realmente não é fácil. Se a gente não batalhar pelo que a gente quer, principalmente a juventude negra, a gente não chega em lugar nenhum. Eu acredito que todos vocês têm ideais, é preciso lutar por eles”.

Com esse mesmo otimismo, Carolina Lima, 26, integrante do Levante Popular da Juventude, trouxe que, mesmo a juventude sendo a mais afetada pela crise econômica, principalmente as jovens e os negros, o setor é o mais predisposto a transformações na sociedade. Para ela é fundamental que a juventude lute para que a sua condição de jovem seja realmente efetiva. “Ser jovem é um direito que temos que reivindicar. Não são só os jovens da elite que podem se divertir e ter tempo para se preparar para o mundo do trabalho”.

As atividades do Fórum seguem até o dia 25 de janeiro. Confira a programação.

 

 

Edição: Marcelo Ferreira