O Brasil edificou um dos maiores sistemas de educação pública do mundo. São em torno de 180 mil escolas com aproximadamente 40 milhões de estudantes e 2 milhões de educadores para o atendimento da educação básica e profissional. Temos uma rede de universidades públicas responsável pelo que há de melhor no ensino superior e na produção científica. Avançamos na educação profissional e tecnológica com a implantação de Institutos Federais de Ensino, muitos instalados em regiões interioranas.
A Constituição Federal determina que a educação é dever do Estado e direito de todos e estipula percentuais mínimos de financiamento: 18% do orçamento federal e 25% dos orçamentos dos estados e municípios. Dispomos de políticas públicas de suporte como o FUNDEB, o Piso Salarial Nacional do Magistério, o Programa Nacional de Alimentação Escolar e um Plano Nacional de Educação, que contém metas e estratégias para garantir a universalização da educação.
Imaginem se todo esse sistema fosse visto como uma alavanca de desenvolvimento do país. Quantos empregos poderiam ser gerados com um amplo plano de revitalização das escolas? Quantos serviços brotariam se tomássemos a decisão de equipar as escolas com laboratórios e bibliotecas? Imaginem essas escolas funcionando plenamente com atividades extracurriculares nas áreas da cultura e esporte, integradas entre si e com a comunidade. Imaginem as nossas universidades alçadas ao papel de propulsoras de tecnologias adequadas às características do país, formando jovens profissionais de excelência em todas as áreas. Imaginem o ganho de cidadania com educadores, familiares e estudantes mobilizados para revolucionar a educação pública. Não tenho dúvidas de que o Brasil seria bem melhor.
O que fazem os governantes? Diminuem os recursos. Humilham professores. Difamam as universidades. Quebram as asas de milhões de jovens. Os governantes que fazem isso são estúpidos? Não. São hipócritas? Talvez. Na verdade, governam de costas para a sociedade e de joelhos para empresários, grupos e fundos econômicos, que querem apenas ganhar dinheiro, transformando a educação pública em mera mercadoria, pouco se importando com as pessoas e o desenvolvimento do Brasil.
* Amarildo Cenci é professor e presidente da CUT-RS
Edição: Marcelo Ferreira