Servidores estaduais da segurança pública realizaram em Porto Alegre, nesta quinta-feira (5), um dia de manifestações contra projetos do governo de Eduardo Leite (PSDB) que irão alterar a estrutura das carreiras e a Previdência dos servidores públicos do Rio Grande do Sul. A manifestação, que iniciou com concentração na Praça Brigadeiro Sampaio e continuou com uma caminhada dos servidores até a Praça da Matriz, em frente à Assembleia Legislativa, foi marcada por falas contrárias e críticas ao pacote de Leite. “Se o pacote passar, os bombeiros vão parar. Se o pacote passar, a Brigada vai parar”, foi uma dos gritos de ordem mais cantados pelos manifestantes.
Ao final da caminhada, os servidores realizaram uma assembleia geral e aprovaram adotar Operação Padrão dos militares estaduais. Com isso, a Brigada Militar não sairá às ruas se os equipamentos, como carros e coletes, não estiverem em boas condições. Também foi aprovado um “fecha quartel”, que será promovido a partir do dia 17 deste mês pelas esposas e namoradas dos brigadianos.
Participaram da manifestação profissionais da Brigada Militar, Corpo de Bombeiros e Polícia Civil de diversas cidades do interior do Estado, como São Luiz, Uruguaiana, Alegrete, Caxias do Sul, Dom Pedrito e Santana do Livramento. Além dos servidores, também participaram da manifestação diversos familiares de militares.
Para os servidores militares, as propostas do governo Leite para a categoria são medidas inconstitucionais. “Essas proposições não correspondem à Constituição Federal, até por conta do Projeto de Lei 1645, que diz que militares encontram-se dentro do regramento da União. O governador não está levando em conta este regramento”, disse ao Sul21 o coordenador geral adjunto da Associação dos bombeiros do Rio Grande do Sul (Abergs), Tenente Coronel Ederson Carlos Franco da Silva.
Para a 1º Tenente e Assessora Jurídica da AOFERGS, Jane Melo Soares, a sociedade gaúcha está sendo diretamente afetada pelas propostas do governo Leite. “Nós queremos que a comunidade gaúcha tenha consciência de que a Constituição garante três serviços que o governo é obrigado a dar: educação, saúde e segurança. E são os servidores desses três serviços que estão sendo prejudicados pelo governador. Quem está levando o golpe do governador é a sociedade gaúcha”, disse.
Os manifestantes também criticaram as políticas do governo estadual, como o atraso de salários da categoria, por exemplo, e denunciaram a precarização da carreira militar por parte do poder estadual. “O governador disse que dentro de um ano iria pagar o nosso salário em dia, a gente aguardou pacientemente e aí, quando chegou o prazo limite que ele deu, ele apresentou, para a nossa surpresa, um pacote que retira quase que todos nossos direitos”, afirmou o sargento Revelino, presidente da ABAMF Uruguaiana.
A manifestação desta quinta foi chamada pelo Fórum das entidades representativas dos Militares Estaduais, composto pela Associação de Bombeiros do Estado do RS – ABERGS, pela Associação dos Oficiais do Estado do Rio Grande do Sul – AOFERGS, pela Associação dos Sargentos, Tenentes e Subtenentes da Brigada Militar – ASSTBM, pela Associação Beneficente Antônio Mendes Filho – ABAMF, pela Associação dos Oficiais da Brigada Militar – ASOFBM e pela presidente da Associação das Esposas dos Praças da Polícia Militar do Rio Grande do Sul – AESPPOM/RS.
Edição: Sul 21