Mais de dez mil educadores e servidores de diversas categorias do funcionalismo gaúcho realizaram, na tarde da última terça-feira (3), em Pelotas (RS), um ato público unificado contra o que vem sendo chamado de “pacote da morte” pelos trabalhadores do estado. Reunindo medidas que cortam direitos com alterações nos planos de carreira e previdência do funcionalismo, o pacote foi enviado à Assembleia Legislativa pelo governador Eduardo Leite (PSDB) em regime de urgência.
O largo do mercado público, no centro da cidade, ficou lotado. A manifestação também exigiu o fim dos atrasos e parcelamentos de salários, que já atinge 48 meses consecutivos, e reajuste salarial. Os servidores estão há cinco anos com os vencimentos congelados.
Na cidade natal do governador, os trabalhadores denunciaram e chamaram a atenção da população para o pacote que precariza ainda mais os serviços públicos e retira direitos históricos dos servidores. No caminhão de som, diversas lideranças sindicais, estudantes e representantes do movimento popular revezaram-se nas críticas ao “pacote da morte” e à política salarial do governo Leite.
“Sem servidor público não existe estado. Seria um estado de objetos. Esse governo foi eleito pelo povo e, ao atacar os servidores, ataca o povo”, lembrou Nelcir Varnier, presidente do Sintergs. Pelo Sindsepe-RS, a presidente Diva Luciana Flores da Costa saudou as mulheres presentes na luta, em especial as ligadas à saúde. “Nosso movimento está muito bonito. O trabalho que estamos fazendo vai derrotar o pacote do governo Leite”, frisou a sindicalista.
“Leite é igual Bolsonaro. Ambos trabalham para massacrar a classe trabalhadora deste país. O pacote do governador vai ser derrotado nas ruas e não nos corredores da Assembleia Legislativa”, enfatizou Érico Corrêa, presidente do Sindicaixa. Segundo Rodrigo Marques, da Assagra, esse pacote é uma humilhação para o povo gaúcho. “São dois governos que fazem a mesma coisa, o desmonte dos serviços públicos” declarou Rodrigo.
“Estamos com 100% dos frigoríficos parados e redução de 30% do abastecimento. Vai faltar o galeto, a carne e o leite até o governador retirar o pacote”, declarou Antônio Medeiros, presidente da Afagro, entidade que representa os fiscais agropecuários.
Para a presidenta do CPERS Sindicato, Helenir Aguiar Schürer, o ato mostra que os trabalhadores estão fazendo história. "Eduardo Leite subestimou a nossa força, mas somos do tamanho do Rio Grande. Somos dezenas de milhares e representamos milhões de gaúchos. Somos o presente e também o futuro do estado. Tenho certeza de que esta greve será vitoriosa”, afirmou.
O dia de protestos no berço político de Leite terminou com uma grande caminhada pelas ruas da região central de Pelotas. Momento em que a população viu de perto a luta travada por educadores e o conjunto de servidores em defesa dos serviços públicos e de direitos conquistados com muita luta.
Além do CPERS, que está em greve desde o dia 18 de novembro, também estão com as atividades paralisadas, desde o dia 26, os trabalhadores e trabalhadoras representados pelo Sintergs, Sindsepe, Afagro, Assagra, Agefa, Sindicaixa, Seasop e Apog. Na próxima terça-feira, 10, às 9h30, as categorias realizam uma nova Assembleia Unificada na Praça da Matriz, em Porto Alegre.
Edição: Marcelo Ferreira