Ao completar uma semana da greve que unificou os servidores públicos do Estado, na manhã desta segunda-feira (2) foi dado um abraço simbólico no Centro Administrativo Fernando Ferrari (CAFF), o ‘coração’ da administração pública do RS. Na seqüência, no corredor de entrada, os participantes realizaram uma assembleia onde foi feito um balanço da greve até o momento, assim como a apresentação da agenda da semana. A atividade contou com a apresentação artística de Zé Martins do Grupo Unamérica.
Participaram do ato servidores da Agricultura, Cultura, Saúde, Planejamento, assim como diretores da Associação dos Servidores de Ciências Agrárias (ASSAGRA), Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (AFAGRO), Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (SINDSEPERS), o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (SINTERGS) e o Sindicato dos Servidores da Caixa Econômica Estadual do Rio Grande do Sul (SINDICAIXA).
A diretora do SINDISEPE Maristela Heck destacou que os servidores vivem um momento histórico. “A greve é uma das mais importantes desde os anos 1980. Desde esse período não conseguíamos fazer uma mobilização e uma greve tão forte quanto essa”, avalia ao afirmar que a mobilização em frente ao CAFF, além de ser importante para demonstrar a força dos servidores, traz toda uma simbologia por representar o lugar que abriga o centro do poder administrativo do Estado. “Hoje abraçamos o CAFF, que é grande e nós somos grandes, porque conseguimos abraça-lo."
Representando a Secretaria da Saúde, Paola Fetorato explica que o setor da Saúde aderiu à greve por entender que o pacote afeta o plano de carreira dos servidores, pontuando também a questão da reforma da Previdência. “Vários servidores já entraram com a aposentadoria. Caso passe esse pacote, provavelmente muitos colegas vão desistir da carreira também dentro da Saúde. Estamos há cerca de seis anos sem reposição salarial”, destaca. Ela também pontua que além da perda dos adicionais, o pacote também refletirá na perda da expectativa de crescimento na carreira.
A Secretaria de Saúde faz trabalho de assistência, como os desenvolvidos no Hemocentro, Sanatório Partenon, Hospital Psiquiátrico São Pedro e também de gestão, que concentra grande parte do quadro funcional, e também do trabalho de Vigilância, serviço essencial na assistência com qualidade, assim como desempenha a implementação das políticas.
Pela Secretaria do Planejamento (SEPLAG), a socióloga Fernanda Corezola afirma que está havendo uma adesão muito importante dos servidores da secretaria, tanto dos que aderiram à greve quanto dos que não aderiram, mas que concordam com a mobilização. “A percepção que nós temos é de que há um apoio implícito de uma boa parte dos outros colegas. Isso porque as pessoas têm consciência de que realmente esse pacote é injusto e inadequado. Ele quer transferir pros servidores públicos o problema da dívida pública, dos problemas fiscais. Só que não vai ser tirando dos trabalhadores que já contribuem com alíquotas bastante significativas, que tu vai resolver o problema, que vai equacionar os problemas fiscais do governo”, frisa, reforçando que a greve é necessária principalmente para mostrar que o serviço público é fundamental, que as funções públicas do Estado tem que ser respeitadas.
“A gente precisa fazer valer o Estado de bem-estar social no Brasil. Nós estamos ainda longe de alcançar todos. Os direitos da sociedade em termos de saúde, de educação, de segurança. Só que tu não tem serviço público, se não tiver os servidores públicos, qualificados, respeitados na sua dignidade, em um ambiente de trabalho digno”, afirma. Assim como pontuado por outros servidores, ressalva a falta de diálogo e de espaços democráticos do atual governo em relação aos servidores. “Isso aponta que o governo não está disposto a dialogar.”
Na avaliação da dirigente da ASSAGRA, Jeane de Carvalho Rodrigues, o balanço da mobilização tem sido positivo, destacando também a participação no interior do Estado, que tem cada vez mais se fortalecido. Destacou também o abraço simbólico do CAFF. “Principalmente para quem está lá dentro do CAFF, olha aqui pra gente e se sensibiliza. E eu acho que a população vendo o Centro sendo abraçado também se sensibiliza muito. Agora temos que manter essa agenda, e pretendemos, durante a semana, conversar com cada uma das bancadas dos deputados sobre esse pacote e pedindo a retirada do regime de urgência do mesmo”
Agenda da greve
Nessa terça-feira (03), um grupo de servidores fará ato em Pelotas, cidade natal do governador Eduardo Leite. Na quarta-feira, grande ato no Hemocentro, que tem reduzido o seu estoque, onde os servidores farão doação de sangue. Ao meio dia será servido um salchipão na extinta Secretaria do Desenvolvimento Rural, Pesca e Cooperativismo (SDR), Avenida Praia de Belas, 1768. Na quinta-feira pela manhã haverá caminhada unificada, com concentração na CAFF.
Edição: Katia Marko