Com apitos, faixas e a distribuição de 500 quilos de bananas, cerca de 250 servidores se reuniram em frente ao prédio da Secretaria da Agricultura do RS. A ação fez parte das atividades da greve para protestar contra o desmonte do serviço público. Não bastasse os salários parcelados há quase 48 meses, o governo Eduardo Leite agora quer aprovar uma proposta de reforma administrativa que precariza ainda mais a vida dos servidores e, consequentemente, os serviços prestados. Além dos servidores da Agricultura e suas respectivas entidades, o ato contou com o apoio de servidores da Saúde, Cultura e Planejamento. No início da manhã, antes da ação iniciar, os servidores foram recebidos pelo choque do 1° Batalhão da Brigada Militar que estava bloqueando a entrada nos portões de acesso à secretaria.
Os servidores da Secretaria da Agricultura trabalham em frentes importantes para o desenvolvimento do setor, tais como a fiscalização, o fomento de políticas públicas e a pesquisa. Para chamar atenção da importância das atividades desempenhadas e denunciar a precarização, servidores e suas respetivas associações, como Associação dos Servidores de Ciência Agrárias (ASSAGRA), Associação dos Fiscais Agropecuários do Rio Grande do Sul (AFAGRO) e o Sindicato dos Servidores de Nível Superior do Poder Executivo do Estado do Rio Grande do Sul (SINTERGS), que representa a categoria, além das bananas distribuíram panfletos e conversaram com pedestres e motoristas que passavam pela Avenida Getúlio Vargas. Muitos manifestaram seu apoio através de buzinaços e acenos.
“A agricultura, a agropecuária para o Rio Grande do Sul tem um peso grande no Produto Interno Bruto (PIB), e consequentemente no desenvolvimento do Estado para sair dessa crise. A nossa greve não é só pelos nossos salários atrasados. Mas, pelas condições de trabalho, pela falta de perspectiva. Vemos várias políticas de fomento sendo inibidas, desarticuladas e queremos mostrar para a sociedade os serviços que ela não enxerga, e que nós estamos por trás pra trazer essa garantia, de segurança alimentar, de desenvolvimento, de emprego”, afirmou o diretor da ASSAGRA, Rodrigo Marques.
O presidente do SINDICAIXA, Érico Corrêa, destacou o empenho dos servidores para que se possa atender a população da melhor maneira possível. “Para que isso aconteça é fundamental que o governo nos respeite, porque respeitar o servidor nada mais é que respeitar a própria população que depende do serviço público. Estamos tentando dialogar com o povo para que a população nos ajude a defender os nossos direitos que em síntese é defender também o serviço público de qualidade”, frisou.
Para a presidenta do Sindicato dos Servidores Públicos do Estado do Rio Grande do Sul (SINDSEPE/RS), Diva Luciana Flores da Costa, a Secretaria da Agricultura é um setor estratégico para o atual governo por conta das alianças que ele mantém com o agronegócio. “A greve dos técnicos, pesquisadores, fiscais da Agricultura mexe muito com os grandes, com quem tem dinheiro aqui no estado, com o agronegócio. É muito simbólico. Não é a tona que fomos recebidos aqui pela polícia de choque, pela brigada, querendo impedir a entrada dos servidores. Então é fundamental esse movimento”, afirmou.
“Vários servidores, da Saúde, da Agricultura, Obras, estão aqui, servidores que não aparecem, muitas vezes, explicitamente no dia a dia das pessoas. E o governo atual não reconhece a importância, não há respeito. Esse é um governo que retira direitos, arrocha salários, trata servidor como escravo. Não restou outra saída do que fazer uma greve por tempo indeterminado de todas as secretarias do estado”, apontou o presidente do SINTERGS, Nelcir Andre Varnier.
“Essa casa é nossa, construída pelos servidores. Infelizmente fomos recebidos pelo governador, diante de um ato pacífico e democrático, com a tropa, mas não vamos retroceder nenhum milímetro nessa greve até que ele retire o pacote”, assegurou Antônio Augusto Medeiros, presidente da AFAGRO.
Rodrigo Marques frisou a atuação dos servidores da Agricultura que abraçam desde a pesquisa, a agroindústria familiar, as políticas públicas para quilombolas, indígenas, pescadores artesanais, cooperativas, além da consulta pública. “Todo o desenvolvimento agropecuário passa por aqui. Estamos vendo nossos serviços cada vez mais sendo restringidos e precisamos mudar isso”, finalizou.
Edição: Katia Marko