Estamos vivendo tempos difíceis onde os falsos profetas invocam em nome de Deus e convocam seus servos, contra tudo, todos e todas que pensam e agem de forma diferente. Na Educação não é diferente! Uma cruzada contra os educadores foi decretada e encontrou campo fértil no território sem lei do mundo virtual. Profetas e servos atacam tudo o que não lhes convêm, em especial a Educação libertadora, que educa o ser humano para a vida.
Surgem oportunistas dos mais variados campos que, com interesses ocultos, aplaudem redes de fake news. Acionando gatilhos de forma inconsequente, dão voz e vez aos que comungam das mesmas ideias e sentimentos corrompidos. Mentes preguiçosas assimilam postagens mentirosas e espalham notícias falsas, que, em um curto espaço de tempo, se tornam verdades absolutas. Todos se sentem juízes com dedos em riste, condenando e espalhando sementes de ódio e rancor com o objetivo central de causar o caos. As redes sociais tornaram-se campo de guerra. Disseminando o ódio e a intolerância, vão criando adeptos e retirando o bom senso que se encolhe e se esconde do dever cívico do cidadão em defesa do seu país.
No limbo, instituições educacionais e educadores são atacados em todos os níveis da federação. Professores menosprezados, desrespeitados nas suas funções, são alijados de sua liberdade de educar. Líderes religiosos, políticos corruptos, empresários sonegadores de impostos se tornam os heróis. Os gurus da atualidade. Enquanto isso, os profissionais que formam todos os demais profissionais se tornam problema para o país.
Inadmissível que tenhamos que sair às ruas para defender a Educação Pública e os educadores municipais, estaduais e federais. É lamentável ver a Educação e os educadores à mercê da classe política para garantir direitos adquiridos com o conhecimento e uma luta histórica para garantir o mínimo de dignidade.
Estamos vivendo tempos de trevas. A luz do conhecimento está sendo duramente atacada. Educadores humilhados, rechaçados no seu direito de receber salários em dia, de ter uma aposentadoria digna, se tornaram os onerosos para o poder público. Profissionais centrais para o processo de desenvolvimento de qualquer país, Estado ou região, são tratados, na prática, como um problema, inclusive pelos seus ex-alunos. Enquanto isso, aqueles que deveriam aplaudir e defender os “seus professores”, assistem passivamente este calvário e a degradação da Escola Pública. A classe trabalhadora mais massacrada do funcionalismo público, em todos os níveis da federação, não é considerada como serviço essencial.
Nossos corações doem. Nossa alma também. A essência dos educadores está ferida. Lamentamos por nós, por nossos colegas, pelas crianças que provavelmente não terão acesso ao ensino público com qualidade social. Precisamos barrar o desmonte da Educação.
Apoiar a Educação Pública, gratuita e de Qualidade é defender o Brasil Soberano. Defender a Educação e os educadores é dizer sim ao desenvolvimento dos municípios, do Estado e do país. Defender a Educação e os educadores é defender o desenvolvimento de homens, mulheres, adolescentes e crianças que poderão, com suas próprias mãos, construir uma verdadeira nação.
* Jairo Bolter é professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Tania Marchi é professora aposentada da Rede Pública Estadual do Rio Grande do Sul.
Edição: Marcelo Ferreira