Rio Grande do Sul

UNIDADE POPULAR

Assembleia reúne líderes da esquerda na escuta da população da Lomba do Pinheiro

Bairro da periferia de Porto Alegre apresentou suas demandas e manifestou apoio à unidade para as eleições de 2020

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Atividade reuniu representantes populares e de partidos políticos de esquerda
Atividade reuniu representantes populares e de partidos políticos de esquerda - Fotos: Leandro Molina

A fim de reconstruir a força da participação popular nas decisões que impactam na vida das cidades e de seus moradores, principalmente dos que vivem nas periferias e convivem com inúmeros problemas estruturais, foi realizada, nessa segunda-feira (18), a Assembleia Popular Lomba do Pinheiro. Localizado na Zona Leste de Porto Alegre, o bairro que é um dos mais populosos de Porto Alegre teve a oportunidade de dialogar com diversas lideranças políticas da esquerda, no intuito de combater a destruição dos direitos sociais e a entrega da soberania, promovidas pelas três esferas de governo. Mais de 500 pessoas participaram da atividade, que contou com a presença de trabalhadores, estudantes, representantes de entidades da região, lideranças políticas, indígenas e movimentos sociais.

Organizada pela ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), pelo deputado estadual Edegar Pretto (PT), pela Rede Soberania, pelo Brasil de Fato RS e pelo Conselho Popular da Lomba do Pinheiro, com o apoio de políticos do PSOL e PSB, a atividade teve microfone aberto para representantes de dezenas de entidades e organizações da região. Os moradores aproveitaram a presença de vereadores, deputados estaduais e federais e ex-parlamentares envolvidos na construção da unidade para as eleições municipais de 2020 para apresentar suas demandas.

Representantes de diversas entidades apresentaram suas demandas

Durante o ato, a gestão do prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Junior (PSDB), sofreu duras críticas. A comunidade sente-se desamparada nas suas reivindicações. Nas diversas falas dos moradores, registrou-se problemas como constante falta de água, precariedade das escolas, falta de vagas nas creches, falta de médicos nos postos de saúde, desemprego, pouca oportunidade de lazer, falta de segurança, transporte coletivo cada vez mais escasso, ruas esburacadas, entre outras.

Também se manifestaram as diversas lideranças políticas. Entre elas a Manuela D’Ávila, que lembrou que os problemas relatados pelos moradores são vistos em outros bairros da cidade. “A Lomba do Pinheiro não é uma ilha, o que se vive aqui, se vive nas outras vilas e bairros. Como é possível que o prefeito diga que o Departamento de Água dá lucro, se não tem água nos bairros? Cada vez mais o povo anda menos em Porto Alegre com o ônibus no preço que está. A gente quer água, comida, coisas que achamos que tínhamos conquistado. Que o ônibus cumpra o horário, que tenham guardas nas escolas. A gente quer conquistar o direito de ser tratado com dignidade, quer ser visto como gente”, assinalou.

Manu ressaltou a unidade para a mudança

Segundo a ex-deputada, só a unidade pode vencer os projetos que sacrificam os direitos da população. “As forças da mudança, unir elas significa imaginar que é possível uma cidade ser governada colocando as pessoas em primeiro lugar. Há esperança e ela passa por estar unido” disse. Ressaltou ainda que, independente de quem será candidato nas eleições municipais, os representantes políticos presentes no ato têm a obrigação de construir a unidade de quem acredita que é possível mudar, tendo como ponto de convergência as reais necessidades das pessoas.

“Temos que unificar e enfrentar o desmonte do estado brasileiro” reforçou a deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL). “A cada dia que passa, Bolsonaro, Leite e Marchezan estão aplicando a agenda do Estado mínimo, tirando direito dos trabalhadores”, avaliou. Segundo ela, a assembleia e a unidade da esquerda mostra a vontade de voltar a dar voz para a periferia para vencer as eleições em Porto Alegre e ter, novamente, um governo popular.

Melchionna criticou ataque aos direitos do povo nas três esferas de governo

A deputada lembrou que Porto Alegre já foi pioneira com o movimento da Legalidade, com o Orçamento Participativo, com o Fórum Social Mundial, mas hoje amarga um conjunto de precariedades, com ataques aos trabalhadores e aos serviços que mais impactam a vida da população. Ela, que entende que a resistência se faz nas ruas com mobilização, também recordou das eleições municipais de 2020. “Vamos ser pioneiros também em um processo de previas, onde o povo vai poder votar o programa a ser discutido no processo eleitoral, para que a gente possa devolver Porto Alegre aos porto-alegrenses, e isso só será possível quando o povo participar ativamente”.

O deputado estadual e morador da Lomba do Pinheiro, Edegar Pretto, ressaltou o início da caminhada de escuta do povo e o esforço pela unidade. “Nós do PT, PSB, PCdoB, PSOL, PDT, temos muitas diferenças entre nós, mas temos algo que nos une, a unidade em dizer ‘Marchezan, pede pra sair’. Três anos de mandato e ele veio uma vez só aqui na Lomba. Companheiros indígenas, acho que o prefeito nem sabe que tem indígenas aqui. Estão aqui os guaranis, kaingangs, escolas, creches, diversidade, negritude, expressões da nossa assembleia popular. Essa será a primeira assembleia de muitas”, afirmou.

Edegar também criticou pacote do governador que precariza serviços públicos

O deputado também criticou o governo de Eduardo Leite (PSDB), que na semana passada protocolou um pacote que retira direitos dos servidores ativos e aposentados do Rio Grande do Sul. “Farei de tudo pra derrotar o pacote de Eduardo Leite, que quer penalizar nossos professores e professoras, ele é da turma do Marchezan, eles são da turma do Bolsonaro”, denuncia.

O deputado federal Henrique Fontana, que preside a Frente em Defesa da Soberania Nacional, lançada em Porto Alegre em um grande ato de unidade da esquerda, em outubro, também esteve presente na atividade. “Ouvimos muitas reivindicações legítimas sobre direitos do povo, educação de qualidade, postos de saúde, sistema de saúde de qualidade, direito de viver em paz e com segurança, e estamos reunidos porque acreditamos na luta popular para conquistar os direitos”, afirmou, ressaltando as eleições de Marchezan e de Bolsonaro como dois erros históricos, induzidos por interesses das elites.

Comunidade indígena da região esteve presente no ato

Durante a assembleia, foi lida a Carta da Lomba do Pinheiro, redigida pelos moradores, com críticas ao abandono do bairro por parte das esferas municipal, estadual e federal. O documento afirma que só a força organizada vai conquistar um futuro diferente da atual realidade de redução dos empregos, serviços e políticas públicas. Reforçou a crítica ao prefeito Marchezan, que não aparece na comunidade para ouvir as demandas como falta de água, problemas de esgoto e regularização fundiária. Citou ainda o apoio à greve dos trabalhadores estaduais, que são atacados pelo governador Eduardo Leite, e criticou o ataque à educação pública, soberania nacional e aos direitos do povo com as reformas trabalhista e previdenciária.

A Assembleia Popular Lomba do Pinheiro foi realizada no ginásio da Paróquia Santa Clara, na parada 10 de Lomba. Após as manifestações dos moradores e representantes políticos, foi servida uma janta aos presentes.

Assista à transmissão da Rede Soberania:

* Com informações da Rede Soberania

 

 

Edição: Katia Marko