Rio Grande do Sul

Literatura

Livro a ser lançado no RS foca nas mulheres e nas tensões cotidianas

"Como se mata uma ilha", primeiro livro de contos da escritora e jornalista Priscila Pasko será lançado no sábado (16)

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Escritora fará lançamento da obra em Proto Alegre
Escritora fará lançamento da obra em Proto Alegre - Divulgação

Elas são tias, avós, irmãs, vizinhas, mães e filhas, com suas zonas sombrias e ensolaradas da maternidade. Elas são suas relações e seus diálogos, suas visões de mundo. Elas são mulheres, que se descortinam em 37 narrativas, ora líricas, ora filosóficas, textos curtos, que compõe o primeiro livro da escritora e jornalista gaúcha Priscila Pasko, “Como se mata uma ilha”(editora Zouk), a ser lançado nesse sábado (16),  às 18h, na livraria Baleia, na rua Fernando Machado, 85, centro histórico de Porto Alegre.

“A mulher do futuro nasceu antes de mim. Guarda em uma lata enferrujada de bombom fotos em sépia e reza todas as noites para que Deus me abençoe. A mulher do futuro teve tanta pressa de outro tempo que deixou para minha mãe a tarefa de me parir”, assim se inicia Como se mata uma ilha. As narrativas que seguem, de acordo com a professora da UFMG Constância Lima Duarte, na orelha do livro, vão ganhando intensidade, “deixando a leitora e o leitor em estado de suspense”. Ao prefaciar o livro , a psicanalista e escritora Diana Corso diz que o livro reúne um um compartilhamento de abismos, de um diálogo de dedos e lágrimas. “Nós mulheres aprendemos a ler e escrever na língua dos cuidados. Desde pequenas, ao nascer com a promessa de útero e seios, recebemos a incumbência de compreender, perdoar, acolher, ninar. Desculpa qualquer coisa, é nosso bordão. Temos fama de choronas, mas sempre choramos por último, depois de secar as lágrimas alheias, ao contrário das máscaras de oxigênio do avião”. Para ela a autora não tenta explicar, diz a , no prefácio do livro, “apela à sabedoria que só a poesia empresta”.

Ao Brasil de Fato RS, a autora Priscila Paskoexplica que um dos motivos que a levou a publicação a voz apagada das mulheres durante anos. “Durante muito tempo, a literatura foi narrada predominantemente por homens - brancos, diga-se. Neste extenso caminho, perdemos inúmeras narrativas de um ponto de vista que nos dizia respeito e ainda diz. Pelas leituras, percebemos personagens diversas em seus desejos, conflitos, prioridades e lutas - ao contrário de um padrão imposto. Voltar-se à produção, publicação e circulação de autoras negras é outro passo que precisa ser dado com firmeza e já está em andamento”, afirma.

Conforme explica Priscila, a obra é o resultado de um potente e inseparável encontro entre as escritoras que ela passou a ler. “Elas já fazem parte do meu, digamos, “sotaque” que carrego em minha escrita e nas leituras que faço. E procurei homenagear algumas delas nas epígrafes dos contos. A lista é interminável, pois o meu cânone particular, composto por mulheres, está sempre mudando, crescendo”, ressalta.

De acordo com ela, recuperar obras de mulheres, novos modos de narrar, de articular o pensamentos é revelador. “Saber que contamos com referências que vieram antes de nós, que temos ao nosso lado outras escritoras não apenas nos fortalece, como também enriquece a própria Literatura”, finaliza.

E você, quantas escritoras mulheres leu esse ano, quantas estão presentes em sua estante?

 

*com informações da assessoria Riobaldo Conteúdo Cultural

Edição: Marcos Corbari