Cantos, cartazes e palavras de ordem tomaram as ruas da zona sul de Porto Alegre na manhã dessa quarta-feira (6), na esplanada da Restinga. Aproveitando a trégua de quase uma semana de chuva, centenas de estudantes, pais e educadores de 11 escolas do bairro e do extremo-sul da capital se reuniram para dialogar com a comunidade e manifestar repúdio aos projetos de Eduardo Leite para a educação e as carreiras de professores(as) e funcionários(as) de escola.
A iniciativa foi construída no chão das escolas, em reunião entre as direções das instituições realizada em outubro, diante da iminência do envio do pacote de redução de direitos. Durante a caminhada os manifestantes entoaram refrões como “ô Eduardo, cara de pau, tu quer fechar a escola estadual” e “o professor é meu amigo, mexeu com ele, mexeu comigo” e “ô Eduardo, presta atenção, respeita a educação”.
Jorge Leandro Mazoni, pai de dois alunos, disse que o objetivo do ato foi conscientizar a todos sobre este pacote do governador, que vai rebaixar cada vez mais a qualidade do ensino. “Precisamos ficar unidos e combater isso através de manifestações e conversas com as pessoas”, afirmou.
“A gente não pode deixar o governador tirar a escola dos alunos que precisam do ensino público. Se não, como vai ser? Precisamos do estudo para sermos alguém na vida”, justificou Catarina de Lourdes Rodrigues Duarte, estudante do 1º ano do ensino médio da Escola Raul Pilla.
Mário Ângelo dos Santos, diretor da Glicério Alves, que tem 28 anos de magistério, afirmou que o cenário atual exige que se faça um alerta à população sobre a importância da luta dos educadores. “Hoje em dia não estamos nem reivindicando salário, o que é uma injustiça, mas protestando para não perder nossos direitos. É muito importante mostrarmos para a comunidade toda a nossa insatisfação e alertar que essas perdas serão tanto para nós quanto para eles. Sem salário em dia e perdendo direitos, ninguém consegue trabalhar”.
Já a vice-diretora da EEEM José do Patrocínio, Klymeia Nobre, classificou o pacote do governo como desumano e relatou as dificuldades que as direções estão enfrentando para administrar as adversidades das escolas. “Precisamos lidar com o total abandono do governo e com o atraso e parcelamento dos salários que atinge toda a equipe docente. Tenho certeza de que cada um que está neste ato gostaria de estar na escola atendendo a população da melhor forma. Mas somos impossibilitados pelo governo, que quer desmantelar a educação. Municipalizar a educação infantil, as séries iniciais e colocar o ensino médio online é uma crueldade sem precedentes. E ainda vem com este pacote que atinge a todos”.
No próximo dia 14, professoras e professores, servidores públicos realizarão uma nova mobilização contra os projetos do governador do Estado. As comunidades do extremo sul já confirmaram presença na mobilização, que começa às 13h30, no Largo Glênio Peres, no centro de Porto Alegre.
*com informações do CPERS Sindicato
Edição: Marcelo Ferreira