Às 18h dessa terça-feira (05), milhares de pessoas, em boa parte jovens, concentraram-se na Esquina Democrática, no centro da capital gaúcha, clamando por respostas no caso Marielle, assim com em defesa de direitos, pela soberania nacional e pedindo um basta para Bolsonaro. Após a concentração, os manifestantes seguiram pela Avenida Borges de Medeiros, entoando palavras de ordem, entre elas, "Marielle perguntou, eu também vou perguntar, quantos mais têm que morrer pra essa guerra acabar?”
O ato ocorreu em dezenas de cidades brasileiras, convocados por movimentos populares. Entre os organizadores do protesto em Porto Alegre, estavam a União Estadual dos Estudantes (UEE), a União Nacional dos Estudantes (UNE), as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo e entidades sindicais.
Além de cartazes e faixas em alusão à vereadora carioca assassinada em 2018, por educação e direitos dos trabalhadores e pedindo Fora Bolsonaro, também se viu lembretes ao novo leilão de entrega do pré-sal, em defesa da Petrobras e por Ditadura Nunca Mais, rechaçando a fala de Eduardo Bolsonaro, que na semana passada evocou o AI 5. A primavera latino-americana, manifestações que aconteceram no Equador, Chile e Haiti, também foi lembrada.
Ana Paula Santos, coordenadora-geral do DCE da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), destacou o legado da vereadora Marielle Franco como lutadora social e também a ameaça presente nas três esferas atuais de governo, que atacam a juventude e a classe trabalhadora. “O prefeito de Porto Alegre, Marchezan Júnior, vem desde o início do seu mandato atacando os trabalhadores e a juventude. Hoje quer demitir quase dois mil funcionários da área da saúde que atendem a periferia. Eduardo Leite, governador do Estado, segue atacando trabalhadores da área da educação e parece que não entende como estão precarizadas nossas escolas”, expôs. Lembrou também dos ataques do governo federal às universidades e institutos federais. “Sabemos que vai ser a juventude e classe e trabalhadora que vão derrotar o Bolsonaro e todo o projeto que ele representa”, concluiu.
“Estamos na rua para defender o legado de Marielle, defender a nossa aposentadoria, o povo brasileiro, defender a nossa luta contra o racismo. Bolsonaro representa tudo que há de pior no mundo, o ódio, o racismo”, reforçou Anderson Farias, da União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre (UMESPA), que também chamou atenção para a entrega do petróleo com o leilão do pré-sal.
Ex-prefeito de Porto Alegre, Raul Pont (PT) complementou, ao lembrar da do pré-sal que, nas suas palavras, é a maior poupança do povo brasileiro. “Isso é um verdadeiro crime, um verdadeiro roubo a céu aberto de recursos naturais, que será dado para meia dúzia de grandes empresas, empresas de rapina que vão explorar o máximo que puder e vão embora, não fica nada”, ressaltou Raul. Ele frisou ainda a temerosa escalada autoritária do governo federal. “Estamos vendo que a família do Bolsonaro, e o próprio Bolsonaro, não só elogiavam torturadores, como fazem a defesa como alternativa política do AI-5. Então nada mais oportuno do que este ato demonstrando a capacidade de luta e de resistência, que é o que todos nós temos que assumir", afirmou.
Na percepção de Volnei Picolotto, da Associação Mães & Pais pela Democracia, muitas pessoas estão se dando conta da real situação do país. “Algumas que estão anestesiadas, cabe aos partidos de esquerda, aos sindicatos e movimentos sociais dialogarem com essa população”, opinou ao lembrar que a continuidade do governo Bolsonaro é o aprofundamento das políticas recessivas. “Hoje as políticas anunciadas pelo Paulo Guedes (Ministro da Economia) vão aprofundar a desigualdade. Uma das mais graves é a que vai acabar com a desvinculação dos investimentos mínimos em educação e saúde”, critica.
Marcelo Ramos Oliveira, do Instituto Justiça Fiscal, observou o papel do Estado diante das desigualdades sociais. “As pessoas têm que entender que o Estado é um instrumento da elite do Brasil. Ele está lá para distribuir recursos. Quando a elite toma conta total e de forma irrestrita, como atualmente, o que ocorre é que eles destinam, tem a capacidade de decidir aonde o dinheiro público vai ser investido. Quando o governo tem que definir entre aumentar o salário mínimo ou conceder o aumento para o Bolsa Família, por exemplo, aumentar o número de vagas nas universidades e em escolas de ensino médio, ou então pagar os credores, são dilemas de um estado que ele tem que decidir. Quando se tem um conjunto de partidos compromissados em diminuir a desigualdade, tu irás aumentar o salário mínimo, o bolsa família e investimentos em segurança, saúde, educação e infraestrutura”, expôs.
Assista à cobertura do ato pela Rede Soberania:
* Com informações da Rede Soberania
Edição: Marcelo Ferreira