Em audiência pública realizada nessa quinta-feira (24) na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, trabalhadores, representantes sindicais e dos governos estadual e municipal debateram a possibilidade de privatização da Trensurb. O tom foi de preocupação com a venda da empresa, que opera a linha de trem de superfície entre Porto Alegre e Novo Hamburgo e foi incluída pelo governo Bolsonaro (PSL) na lista de estatais que devem ser extintas ou vendidas à iniciativa privada até 2022.
O evento foi promovido pela Comissão de Serviços Públicos, tendo como proponente a deputada estadual Sofia Cavedon (PT). Contou com apoio do deputado estadual Jeferson Fernandes (PT), da Comissão de Segurança e Serviços Públicos, e dos deputados federais Elvino Bohn Gass (PT), da Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público, e Fernanda Melchionna (Psol), da Frente Parlamentar em Defesa dos Trabalhadores em Transporte Público.
O presidente do Sindicato dos Metroviários do Rio Grande do Sul (Sindimetrô/RS), Luís Henrique Chagas, defendeu o modelo público do serviço, apontando que a venda será péssima para todos. “Todos lugares do mundo onde o serviço de transporte foi privatizado já estão retornando para o modelo estatal”, ressalta. Para ele, a possível venda vai aumentar o valor da tarifa e piorar a qualidade do serviço.
“Ela pode passar de 6 ou 8 reais, porque hoje tem um subsídio, em torno de 50%, e esse subsídio é para um transporte coletivo público”, afirma o deputado federal Elvino Bohn Gass (PT). Ele também critica a falta de planos do governo sobre o futuro da empresa. “Quero saber qual o plano exatamente do governo para privatização, já fizemos uma audiência pública em Brasília e ficou demonstrada o interesse em fazer a privatização. Então nós precisamos levar esses dados à população, porque no mundo as experiências de privatização todas elas estão sendo revistas.”
Atualmente, a Trensurb possui 22 estações, atendendo os municípios de Porto Alegre, Canoas, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo e Novo Hamburgo. Somente em 2018, transportou 51,7 milhões de pessoas. Por dez anos, até fevereiro de 2018, a tarifa era subsidiada e mantida a preço popular, R$ 1,70, quando sofreu um aumento de 94%, alcançando R$ 3,30. Em março de 2019, um novo reajuste elevou o bilhete para R$ 4,20.
Nesta sexta-feira (25), a categoria se reúne em assembleia geral no pátio da Trensurb e, no sábado (26), data em que se comemora o Dia do Metroviário, haverá uma confraternização, no mesmo local. As atividades fazem parte da agenda de mobilização do Sindimetro/RS junto aos trabalhadores para barrar a privatização.
* Com informações da CUT-RS e Radio Guaíba
Edição: Marcelo Ferreira